quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Penamacor aprova o orçamento da crise


A Câmara Municipal de Penamacor quer incentivar a ampliação do parque eólico para poder usufruir de mais receitas para a sua gestão. A ideia foi deixada pelo presidente Domingos Torrão na reunião da assembleia municipal em que foi aprovado o plano e orçamento para 2011.

O autarca assume que a receitas arrecadadas com a produção de energia e as taxas cobradas pela autarquia “não chegam para pagar ao pessoal”. Por isso diz que é preciso gerar dinheiro “para ter investimentos”, queixando-se do atraso do pagamento de algumas das verbas prometidas para obras já concretizadas.

Em 2011 a câmara pretende concluir as obras do salão paroquial e do centro educativo de Penamacor e avançar com os projectos de requalificação do cruzamento em frente ao Lar D. Bárbara Tavares da Silva e da Rua de Santa Marta, que atravessa a freguesia de Benquerença. O plano e orçamento aprovado por maioria na Assembleia Municipal de Penamacor ronda os 14,7 milhões de euros, menos 2,5 milhões de euros que o aprovado há um ano. Só as despesas com a Empresa de Águas do Zêzere e Côa , que dizem respeito ao abastecimento de água e tratamento de esgotos, representam mais de um milhão de euros.

O plano e orçamento foi aprovado pela maioria PS, com quatro votos contra da oposição e duas abstenções, uma das quais de António Bogas. O presidente da Junta de Freguesia de Vale da Senhora da Póvoa, eleito pelo PS, considera que este “é o orçamento possível”, mas não deixou de reclamar mais dinheiro para a sua aldeia. Um dos problemas que quer ver resolvido é a falta de pressão no abastecimento de água em algumas zonas da localidade.

António Luís Soares, o presidente da Junta de Freguesia de Benquerença, diz que o corte das transferências da câmara vai doer “mas infelizmente a contenção tem de ser para todos”. O autarca desafiou Domingos Torrão a dar sinais de que é possível cumprir o orçamento e em relação às despesas com a água e saneamento considera que “não há autarquia que resista a pagar valores destes”.

Oposição diz que avisou

A Coligação Todos por Penamacor (PSD, CDS, Partido da Terra) diz que a redução de despesas assumida pela câmara municipal vem dar razão aos avisos que a oposição fez ao longo dos últimos anos. Francisco Abreu foi o mais incisivo nas críticas, ao acusar a maioria socialista de durante anos ter andado a gastar dinheiro em iniciativas “perfeitamente inúteis em termos de consequências positivas para o concelho de Penamacor”.

O deputado municipal considera mesmo que “há quatro ou cinco anos é que deviam ter tido juízo”, questionado as despesas correntes que considera elevadas num concelho que não tem investimento privado.

António Bento, da mesma bancada, desafiou o presidente a reduzir o número de vereadores a tempo inteiro, alegando que não são precisos dois para gerir um concelho com a população e a dimensão de Penamacor.

O deputado municipal entende que a poupança com o ordenado de um dos vereadores era suficiente para cobrir os 15 500 euros que a câmara gasta com o apoio a famílias carenciadas. Estes apoios são financiados pela percentagem que a autarquia tem na cobrança de impostos no concelho, taxas para as quais a coligação tem pedido uma redução de modo a incentivar a construção e fixação de pessoas.


Autor: José Furtado in jornal "A Reconquista"


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