LFO.
Lusa
In "Rádio Batalha"
Só Guarda e Belmonte aumentaram de população entre 1991 e 2008. Castelo Branco, Covilhã e Fundão perdem. Há concelhos fora do eixo urbano que perderam quase um terço da população em 17 anos. O País sem se mexer, move-se.
HÁ CONCELHOS na Beira Interior que em 17 anos perderam 30 por cento da população. Estamos pois, por direito próprio, em pleno e agreste patamar em que a reflexão – quem a fez – exige, agora, materialização em medidas enérgicas sob a ameaça de dentro de duas décadas haver concelhos apenas em forma de papel e em conceito abstracto. A marcha do silêncio que invade um vasto território abriu brechas profundas na demografia do interior, expondo fragilidades estruturais e danos que, já no curto prazo, se poderão tornar irreparáveis. Não é com espírito de cruzada que se contraria tão poderosa dinâmica de transferência populacional. O fosso entre litoral e interior aprofunda-se.
Uma dinâmica acelerada, antes de tudo, pelos próprios argumentos económicos das regiões. Os fluxos demográficos seguem irmamente ligados à dinâmica económica e aos postos de trabalho efectivamente disponíveis e potenciais. E também às expectativas de futuro que cada região consegue criar. É esta união insolúvel que dita a realidade. A terra das oportunidades não coincide com a terra-natal de milhares. Vista daqui, está quase sempre a Oeste para quem decide ficar no País e a Este para quem emigra. Estamos, pois, no centro do dilema, onde quase tudo se pode resumir à célebre "It´s the economy, stupid!", citando a frase de James Carville, o estratega eleitoral da campanha presidencial de Bill Clinton em 1992.
Os concelhos da Beira Interior têm diferentes anticorpos na resistência ao embate. É um interior com as suas próprias periferias. Com frágeis cortinas estaques cer-radas por municípios que têm como sede as principais cidades da região. São o primeiro e, simultaneamente, o único e mais efectivo entrave. O mais forte argumento chama-se médias cidades. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística publicados pelo “Público” os 25 concelhos da Beira Interior (distritos de Castelo Branco e Guarda), apenas o da Guarda e o de Belmonte registam crescimento populacional entre 1991 e 2008. A Guarda consegue crescer 14,7 por cento, com a sua centralidade de capital de distrito a não ser alheia a este fenómeno de captação, especialmente se olharmos para outros concelhos do distrito em quebra. Ao lado, Belmonte também alimenta um saldo positivo de quatro por cento, o que não deixa de ser de substancial relevo para um pequeno concelho. No mapa das resistências, mais a Sul, os maiores concelhos do distrito de Castelo Branco perdem população, uma quebra que, neste cenário, não é revestida de arrasador susto. Castelo Branco, Covilhã e Fundão perderam população entre 1991 e 2008, em índices que chegam aos 3,5 por cento. O de Castelo Branco é o que perde menos. Neste período o decréscimo foi de 0,6 por cento. O Fundão registou uma perda de 2,5 por cento e a Covilhã de 3,5 por cento. Se as resistências dos principais pólos económicos e populacionais do distrito não ficaram imunes, o cenário adensa-se quando o eixo das maiores cidades começa a ficar longínquo: Aguiar da Beira perde 8,3 por cento da população, Vila Nova de Foz Côa 10,8 por cento, Seia 11,6 por cento, Gouveia 11,9 por cento, Sertã 13,9 por cento, Vila de Rei e Fornos de Algodres 16,5 por cento, Manteigas 18,1 por cento, Figueira de Castelo Rodrigo 19,1 por cento, Proença-a-Nova 20,2 por cento, Sabugal 21,7 por cento, Pinhel 22,5 por cento, Meda 23,1 por cento, Idanha-a-Nova, 25,2 por cento, Oleiros 26,2 por cento, Vila Velha de Ródão 30,1 por cento, Almeida 30,3 por cento e Penamacor 30,6 por cento. Estes últimos concelhos perderam quase um terço da população em menos de vinte anos.
O pouco virtuoso quadro do despovoamento marca indelevelmente o cariz de um país. Sesimbra quase duplicou de população em 17 anos – aumento de 92,6 por cento. Albufeira aumentou 86 por cento e Alcochete 77,6 por cento. Os arcos das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto continuam a ser poderosos ímanes de absoluto poder de atracção. Um outro núcleo de crescimento é o Algarve. Depois há outros focos – quase todos eles no litoral – de grande crescimento populacional. O interior é senhor de algumas excepções como Entroncamento e Lousã a aumentarem 53 e 43 por cento de população, respectivamente. O Interior Norte e Centro e Alentejo são as regiões que mais se ressentem. O país sem se mexer, move-se. A realidade dos números mostra um quadro de atractividades, quase todas concentradas no litoral. Mas no interior há casos em que se resiste e a fixação de população tem sido conseguida, em registos diversos. Não perder é vitória. Crescer é assinalável.
Parece evidente que um interior desprotegido e em hemorragia populacional tem que reinventar os paradigmas económicos que permitam a fixação da população. Recuando décadas, assentamos em zonas rurais populosas, num quotidiano sustentado por uma agricultura de subsistência – pelas actividades a si paralelas – , floresta e pastorícia. O mundo rural tal como era o de Portugal até meados do século passado não se fixa no presente. O crescimento económico e das expectativas de bem-estar marcaram a migração e a emigração. E terão marcado o início deste cavalgar de despo- voamento. Neste interior não se clama o regresso a paradigmas de sustentabilidade económica e social anacrónicos – num tempo que, todos sabem, já não regressará. O que muitos ainda não pensaram ou foram incapazes de concretizar foi a gestação de outros paradigmas capazes de, em primeira instância, fixar os seus quadros e depois, sim, tentar assegurar a renovação da população. Mas há sinais a merecer registo, com autarcas da região a aperceberem-se da situação crítica dos seus concelhos tentarem com os limitados meios ao seu dispor inverter a pesada avalanche. Reflectindo – primeiro – e encontrar o caminho certo, depois. Uma estratégia de desenvolvimento que, a partir do actual débil patamar de população, estanque a sangria que prolifera. Se o investimento chama investimento, no interior mais despovoado, sem tecido industrial e sem quadros a estratégia terá que ser outra. E há quem já se tenha apercebido disso.
Regressamos ao início do texto: há concelhos que perderam quase um terço da população em apenas 17 anos. Até os maiores pólos económicos regionais sentiram dificuldades em manter população – perderam-na. Se não se arrepiar caminho, alguém terá mesmo que fechar a porta. Mais cedo do que muitos possam pensar.
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Autor: Nuno Francisco in "Jornal do Fundão"
Em pezinhos de lã o Pedrógão interrompeu em Cernache do Bonjardim o ciclo imaculado do Vitória. E ainda não perdeu. Tal como o líder Fundão.
À quarta jornada do Campeonato Ling, duas equipas continuam a resistir às derrotas: Fundão e Pedrógão. E ambas assumem protagonismo esta semana, não apenas por permanecerem invictas.
A Desportiva, de João Laia, assumiu o 1º lugar sem companhia na ronda em que cedeu os primeiros pontos. Paradoxalmente. O nulo que registou com a Atalaia não é mau resultado e, face ao desaire do ex-parceiro de posto (Sernache), até teve sabor “especial”.
Já o Pedrógão fez questão de responder ao título da última edição do nosso jornal, na peça do jogo Atalaia-Sernache. Eles conheciam o Vitória! E bem. Ganharam no Nuno Álvares (2-0) e estão na rota dos melhores lugares. Mas, praticamente, não dá para desfrutar do êxito: segue-se nova saída de grau elevado de dificuldade, a Atalaia do Campo.
Alguns resultados mais desnivelados (na jornada cinco foram três) deixam indiciar a existência de dois ritmos na prova. Unhais da Serra (no Teixoso estancou a fragilidade aos quatro golos), Lardosa (1-4 em Valverde) e Vilarregense (quatro do Águias do Moradal) estão a exibir dificuldades. E destes o mais surpreendente é o caso da equipa de Vila de Rei, treinada pelo antigo central do Sertanense Vitor Tomás. O próprio treinador afirmou que “esta equipa vale mais”.
Duas formações que procuram não perder de vista a carruagem da frente (recorde-se que o campeonato terá uma fase final com os seis primeiros), mediram forças: o Oleiros ganhou (3-2) ao Proença e pôde festejar a primeira vitória. Já os proencenses não estão ao nível do que habituaram. O problema é aquelas duas derrotas (Teixosense e Valverde) em casa. Casa (Senhora das Neves) que no próximo domingo é visitada pelo Sernache.
Isto está bom…
O presidente da Câmara Municipal de Penamacor tomará posse na tarde de 3 de Novembro. Domingos Torrão iniciaram o terceiro mandato como presidente, depois de vencer as eleições de 11 de Outubro com maioria.
No executivo a única novidade é a entrada de Jorge Crucho Antunes como vereador da oposição, eleito pela Coligação Todos por Penamacor (PSD, CDS, MPT).
O restante executivo é constituído por António Cabanas, Ilídia Cruchinho (PS) e Vitor Gabriel (Todos por Penamacor), nomes que continuam.
Na Assembleia Municipal de Penamacor também há mudanças, com algumas caras novas entre as quais a de Jorge Seguro (PS), que irá suceder a Lopes Marcelo na presidência do órgão.
In jornal "A Reconquista"A Junta de Freguesia de Meimão concluiu as obras no miradouro junto à estrada que liga a aldeia ao Sabugal, uma obra onde se destaca a vista para a aldeia e a barragem.
O miradouro de Nossa Senhora do Pilar conta com um parque de merendas e homenageia o Padre José Miguel, nome bem conhecido na freguesia e na zona.
A homenagem é feita através de um nicho que foi recuperado e recolocado naquele local após anos submerso nas águas da albufeira. Um nicho “construído pelo padre José Miguel e pela juventude da época”, explica o presidente da junta Francisco Campos.
Há cerca de quatro anos, quando as águas da barragem desceram ao ponto de o nicho ficar à superfície, foi recuperado e levado para a aldeia, ocupando agora um lugar de destaque.
In jornal "A Reconquista"
O jornalista e eurodeputado Miguel Portas vai estar na Biblioteca Municipal de Penamacor a 27 de Novembro, para a apresentação do livro "Périplo".
Inicialmente prevista para 29 de Outubro, a presença foi adiada para Novembro, alteração comunicada já depois de o jornal desta semana estar impresso.
“Périplo”, que tem a co-autoria do cineasta Camilo Azevedo e é um livro de viagens que tem como cenário o Mediterrâneo, contando com textos de Portas e fotografias de Azevedo.
Com o livro são editados os DVD´s com a série documental realizada por Camilo Azevedo e emitida pela RTP.
In jornal "A Reconquista"
Entre Junho e Setembro a barragem penamacorense passou de 65 por cento para 39,8 por cento da sua capacidade, uma descida explicada não só com a ausência de chuva mas também com o aumento da população durante os meses de Verão, em que o número de habitantes nas aldeias cresce com a vinda dos emigrantes e outros veraneantes.
A barragem de Meimoa abastece de água os habitantes do concelho de Penamacor e parte do Fundão, servindo ainda o Regadio da Cova da Beira.
A população de Meimão e de outras aldeias do concelho de Penamacor passou a manhã de sábado a retirar lixo da barragem. Os avisos no local ainda são ignorados e os pescadores são os alvos das críticas.
O encontro foi junto à igreja da aldeia às primeiras horas da manhã, com gente da terra mas também de populações vizinhas, como a Meimoa ou Benquerença. Um exemplo que Francisco Campos, o presidente da Junta de Freguesia de Meimão, gostaria que fosse seguido por outros, porque a barragem beneficia muita gente.
“Acho que se deviam juntar mais pessoas porque toda a gente do concelho bebe a água aqui da barragem”, diz o autarca, que uma semana após a reeleição repete a iniciativa que promoveu há quatro anos quando tomou posse.
Da manhã de trabalho saltam à vista os monos que as pessoas vão deixando à beira da estrada como se fosse uma lixeira. Mas na barragem é mais fácil encontrar garrafas e sacos de plástico. Alguns até se dão ao trabalho de prender estes com uma pedra para que o lixo não se espalhe. Utilizar os caixotes é que nem por isso.
Francisco Campos aponta o dedo sobretudo aos pescadores, que segundo ele “deixam sacos atados com restos das merendas em vez de trazerem”. E não é por falta de aviso, porque em redor da barragem são vários os painéis colocados pela junta que apelam ao civismo e indicam os caixotes.
Com esta acção a junta de freguesia cumpre também uma das cláusulas do protocolo assinado recentemente com a Associação dos Escoteiros de Portugal, para a instalação do campo nacional desta associação na aldeia, explica o presidente.
O lixo deu para encher alguns tractores e carrinhas de caixa aberta, que ao final da manhã regressaram à aldeia. Na mesa já esperava a chanfana oferecida pela junta para um almoço onde também esteve o presidente da Câmara Municipal de Penamacor, Domingos Torrão.
A barragem está agora mais limpa, resta saber até quando.
Já se encontra disponível, no site da Câmara Municipal de Penamacor, a Agenda Cultural para o último trimestre do ano.
A destacar:
- Concerto musical de Francisco Seia, em Pedrógão de São Pedro, integrado no Ciclo de Música de Outono, a ter lugar no dia 8 de Novembro pelas 16 horas;
- Passeio pedestre e BTT Bemposta – Pedrógão de São Pedro, integrado no Programa 6 Meses a Caminhar e Pedalar pelas Terras do Lince, no dia 29 de Novembro.
Os primeiros donativos recolhidos na região pela associação Solidariedade sem Fronteiras seguiram para Lisboa, mas ainda há espaço no contentor que vai para Moçambique.
O concelho de Penamacor tem uma nova associação vocacionada para o apoio social a países africanos, mas também à região onde está implantada. Na origem desta está um projecto de solidariedade que levou Andreia Martins a Moçambique entre Novembro de 2007 e Março de 2008. Neste período a jovem penamacorense trabalhou numa aldeia da província de Inhambane, onde contactou com crianças órfãs e se apercebeu das necessidades dos habitantes locais.
De regresso a Portugal ficou a vontade de continuar a ajudar aqueles com quem tinha contactado. É então que começa a recolha de donativos com destino à antiga colónia portuguesa, tendo como meta encher um contentor que viajaria por via marítima. Ao longo dos últimos meses a campanha foi crescendo e em Julho passou mesmo pela Feira das Actividades Económicas de Penamacor, onde esteve a recolher donativos e mostrou alguns dos objectos tradicionais que trouxe de Moçambique.
A vontade passava pela formação de uma associação, como Andreia Martins transmitiu ao Reconquista em Maio deste ano. Objectivo que acabou por ser cumprido nos últimos meses, com o registo no Conservatório Notarial de Competência Especializada de Castelo Branco. O nome escolhido diz tudo: Solidariedade sem Fronteiras.
Andreia Martins – que assume a direcção com Pedro Agapito e João Antunes - explica que a associação “tem vários objectivos, nomeadamente o apoio a jovens, idosos, desenvolvimento local, formação” entre outras ideias que aguardam concretização. Tal como uma sede, necessidade que vai sendo colmatada com a ajuda da Junta de Freguesia de Aldeia de João Pires, que disponibilizou a cave da sua sede para que o trabalho não pare. No espaço acumulam-se caixas e sobretudo sacos de roupa, que nos últimos dias foram transportados para Lisboa e colocados dentro do ansiado contentor. Ainda sobrou algum espaço e por isso a Solidariedade sem Fronteiras vai continuar a reunir donativos até dia 17 de Outubro, seguindo para a capital no dia 22.
Os donativos têm chegado de vários locais.“Trouxemos imensas coisas de Castelo Branco de outras associações que nos apoiaram”, diz Andreia Martins, que enumera os casos da freguesia de Boidobra (Covilhã) e do Vale da Sr.ª da Póvoa, aldeia penamacorense onde foi dinamizada por Renato Silva e Susana Almeida. A associação contou ainda com os apoios da Câmara Municipal de Penamacor, Sporting Clube da Covilhã, Associação Desportiva da Estação, Cruz Vermelha de Vilar Formoso, Casa de Infância e Juventude de Castelo Branco e da empresa de transporte de mercadorias Arnaud.
O trabalho não pára com a primeira remessa para Moçambique e a Solidariedade sem Fronteiras está de olho em Angola. No entanto os donativos que não puderem seguir para África serão distribuídos por instituições portuguesas.
“Precisamos muito de financiamento, isto não se faz só pela nossa vontade”, diz Andreia Martins. Pela frente há ainda muito trabalho e ideias que começam a ganhar corpo, como um projecto de integração social vocacionado para deficientes.
A Solidariedade sem Fronteiras está na internet em http://solidariedadesf.blogspot.com, podendo ser contactada através do endereço de correio electrónico solidariedadesf@gmail.com ou pelo telefone 96 887 41 15.
Autor: João Carrega in jornal "A Reconquista"