sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Cáceres põe barco no Tejo Internacional



“Balcón del Tajo” navega na área restrita

O barco turístico “Balcon del Tajo” (Varanda do Tejo) vai percorrer uma “zona restrita” do Parque Natural do Tejo Internacional, dando a conhecer a fauna e a flora características, com a ajuda de um guia, especialista nestas matérias.

A informação é avançada, num comunicado de imprensa, pela Diputación de Cáceres, devendo o barco começar os seus passeios no final de Fevereiro de 2011, proporcionando “passeios nas águas do rio Tejo, tanto no território português como na Extremadura”.

O barco já navega no rio Ulla, na cidade de Caton, em Pontevedra, estando a decorrer o processo de autorização do seu uso turístico.

Segundo os promotores do projecto, este “barco turístico foi uma grande aposta, feita no âmbito da cooperação, com a colaboração do projecto transfronteiriço coordenado pela Diputación Provincial de Cáceres, tendo como parceiros as associações de municípios da região, a Junta da Extremadura, o governo central e as câmaras municipais de Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Vila Velha de Ródão, Penamacor, Portalegre, Gavião, Nisa, Marvão e Castelo de Vide”.

Especificamente, esta iniciativa faz parte do projecto do Tejo Internacional, no âmbito do Programa de Cooperação Transfronteiriça Espanha-Portugal, que é coordenado pela Diputación Provincial de Cáceres que, segundo explica, permite a criação de “um número significativo de postos de trabalho, directos e indirectos”, tendo cabimentado 7,4 milhões de euros, sendo que 507 mil euros são destinado a este “Balcon del Tajo”, 75 por cento financiados pelo Feder e o restante pelo Organismo Autónomo de Desenvolvimento Local da Diputación de Cáceres.

Esclareça-se que as candidaturas a este Programa de Cooperação Transfronteiriça são feitas pelo conjunto de municípios de um e outro lado da fronteira, mas cada um apresenta os seus projectos para implementar localmente.

Está também estabelecido que o barco fará duas viagens. A primeira terá início no cais de Herrera de Alcántara e fará um percurso até à barragem de Cedillo, num total de 22 quilómetros e duas horas de duração. A segunda rota é executada a partir do cais de Herrera de Alcântara até à Fonte da Gergosa, em Santiago de Alcántara, com cerca de 23 quilómetros e também duas horas de duração. “Todos os passeios, visitas e datas em que serão efectuados, serão feitos com um respeito total e absoluto pelo meio ambiente”, afirma a instituição, explicando ainda que a colocação em funcionamento do barco acarreta consigo um conjunto de acções, como a beneficiação da estrada de acesso à doca de Herrera de Alcántara, a melhoria da segurança rodoviária e das docas e cais quer do lado de Herrera, quer de Cedillo e de Santiago de Alcântara. Avançarão ainda outros serviços complementares, como um ponto de informação turística, com um centro de informações sobre horários, preços e condições de uso do navio, servindo também como ponto de acolhimento e aconselhamento sobre rotas que se podem fazer dentro do Parque Natural do Tejo Internacional, a partir dos vários municípios abrangidos, promovendo também o património dos mesmos.

Com este projecto Tejo Internacional e as acções que está a desenvolver, como o barco turístico “Balcón del Tajo” e toda a infra-estrutura envolvente, pretende-se “fomentar o turismo, potenciar os valores culturais, naturais, gastronómicos e, sobretudo, gerar emprego”. De esta forma, também se procura criar um destino turístico “com uma rede de infra-estruturas que motivarão o desenvolvimento sócio económico de toda a zona”, conclui.

Proibido em Portugal é permitido em Espanha

Há cerca de uma década, um barco com características semelhantes a este “Balcón del Tajo” saía do cais de Malpica do Tejo, transportando uma comitiva de luxo, sendo um dos passageiros o então Primeiro-Ministro, que acabou por apadrinhar esta embarcação, pois até hoje é conhecida como “Barco do Guterres”.

Contudo, as limitações legais impostas à zona protegida do Parque Natural do Tejo Internacional levaram a que o barco “desaparecesse de circulação” durante oito anos, até que, em Julho de 2008, a governadora civil do distrito de Castelo Branco, Maria Alzira Serrasqueiro, numa das suas visitas temáticas, “ressuscitou” a embarcação e colocou-a de novo nas águas do Tejo, em Monte Fidalgo, percorrendo o troço que é navegável segundo o Plano de Ordenamento do Tejo.

Contudo, esta viagem serviu para anunciar que o barco voltaria a estar disponível para passeios, mas numa zona mais abaixo desta, ou seja, a partir de Vila Velha de Ródão, que já não é abrangida pelo Tejo Internacional. Foi feito um protocolo entre o concessionário a operar em Vila Velha de Ródão e o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade e o “Barco do Guterres” passou a operar naquela zona, tendo um outro barco, com outras características, que operava em Vila Velha de Ródão, passado para o Tejo Internacional. A navegabilidade do Tejo Internacional parece responder a critérios diferentes de um e outro lado da fronteira, pois as limitações impostas em Portugal não são um problema em Espanha.

Autoras: Cristina Mota Saraiva/Lídia Barata in jornal "A Reconquista"

Sem comentários: