quinta-feira, 22 de abril de 2010

Director-geral de Energia esteve na freguesia

Meimão quer contrapartidas para erguer lar

A aldeia tem uma barragem e um parque eólico mas diz que não ganha nada com isso. E assim deve continuar, a menos que a lei seja alterada.

A Junta de Freguesia de Meimão quer financiar a construção de um lar da terceira idade com verbas provenientes da produção de energia renovável. A aldeia do concelho de Penamacor fica entre um parque eólico e uma barragem que vai começar a produzir electricidade. Mas não tem grandes esperanças em ver a cor do dinheiro.

O anseio foi deixado na passada semana pelo presidente da junta, durante a sessão temática da Assembleia Municipal de Penamacor, que reuniu na freguesia com o tema da energia na agenda e o director-geral de Energia como convidado.

Francisco Campos, o presidente da Junta de Freguesia de Meimão, lembrou que a lei “atribui somente 2,5 por cento da produção aos municípios, deixando de fora qualquer percentagem para as freguesias onde estão instalados os aerogeradores. Apesar de a lei assim o determinar não parece justo”, queixou-se o autarca.

Na opinião do presidente, a junta deveria ter acesso a parte dos rendimentos gerados pela produção de energia, verbas essas que poderiam ser aplicadas na construção de um lar da terceira idade. A ideia não é nova e tem sido uma bandeira da associação de solidariedade social Xara “sendo certo que será extinta se não conseguir, em tempo, esse objectivo”, alerta Francisco Campos.

Mas de momento não há grandes razões para a população do Meimão ficar optimista, pelo menos tendo em conta a resposta do director-geral de Energia.

“Neste momento as contrapartidas são as que existem e não antevejo no curto prazo uma alteração”, referiu José Perdigoto, que confirmou aquilo que o presidente de junta disse no seu discurso. As contrapartidas pela instalação de parques eólicos caem apenas nos cofres das câmaras e não das juntas de freguesia. E isto é o que a lei determina.

A energia é um dos temas caros a Jorge Seguro, que é também a voz dos socialistas para estas questões na Assembleia da República. O presidente da Assembleia Municipal de Penamacor diz que as terras do interior têm cada vez menos gente e formas de gerar riqueza, sendo a energia “uma área absolutamente decisiva para o fazer”.

Para Jorge Seguro o país não pode estar dependente do petróleo – cujas reservas dão para 90 dias – nem de uma factura de oito mil milhões de euros pagos ao estrangeiro pela compra de combustíveis para produção de energia. Mas referiu que também é necessário poupar de outras formas, lembrando que 60 por cento da energia produzida em Portugal é desperdiçada por má utilização.

Nova subestação a caminho

O concelho vai ter uma segunda subestação de energia, anunciou o presidente da Câmara Municipal de Penamacor. Domingos Torrão diz que o projecto encontra-se em fase de licenciamento e é um investimento do grupo Eneop2, do qual fazem parte empresas como a EDP ou a Generg, que tem parques eólicos na zona do Pinhal e da Gardunha.

O novo investimento, diz o autarca, é também essencial para a rentabilização de investimentos feitos anteriormente na sequência da instalação do primeiro parque eólico no concelho.

“É o aproveitamento das linhas de transporte que estão construídas, da subestação da Benquerença até ao Ferro (Covilhã), onde está um investimento grandioso no transporte de energia”, diz Torrão.

A nova subestação ficará na freguesia de Benquerença. A primeira encontra-se igualmente nesta freguesia, na proximidade da zona de lazer.

Autor: José Furtado in jornal "A Reconquista"


Ficheiros aúdio:

José Perdigoto- Director-geral de Energia

Domingos Torrão- Presidente da Câmara Municipal de Penamacor

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