segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Livro de António Cabanas apresentado no Museu Mário Bento

Um novo olhar sobre a comenda da Meimoa

No ano em que o concelho de Penamacor comemora 800 anos abre-se mais uma janela para compreender o passado de uma das suas freguesias. “A Comenda da Meimoa da Ordem de Aviz” é o título do livro lançado no último sábado, no Museu Mário Pires Bento. A obra da autoria do sociólogo António Cabanas assenta em mais de 40 documentos, que foram recolhidos pelo autor junto da Torre do Tombo e de outras obras publicadas anteriormente, que serviram de bússola à investigação.

A comenda é um território dado a uma ordem que o administra, extraindo dele e de quem lá vive os seus rendimentos. No caso de Meimoa “era a Ordem do Aviz que tutelava este território e que cobrava os impostos”, explica o autor.

A benesse era dada em troca de serviços prestados à coroa, nomeadamente em guerras ou mais tarde nos Descobrimentos. Assim se explica que no caso da Meimoa tenha havido influência dos Cabrais.

“A mãe do descobridor do Brasil foi senhora da Meimoa”, diz António Cabanas.

Nuno Álvares Pereira, descendente do Santo Condestável que herdou o nome próprio do mesmo, também foi comendador da Meimoa, a partir de 1613. Os documentos assim o revelam, embora nem sempre seja fácil compreender a palavra escrita.

“Hoje o mais difícil é a interpretação, porque felizmente com a internet as coisas melhoraram muito”, confessa o autor.

Domingos Torrão elogiou o trabalho do autor, que é também o seu vice-presidente na Câmara Municipal de Penamacor. Para o presidente é preciso continuar a desvendar o património “para que aqueles que venham conheçam melhor o historial rico da Meimoa e do concelho”.

A arqueóloga Silvina Silvério destacou o trabalho “complicado”, sobretudo pela interpretação de documentos de diversas épocas. Para a investigadora o livro é um bom instrumento para melhor compreender a evolução social do Portugal medieval para as épocas contemporâneas.

Este é o quarto livro de António Cabanas depois de "Carregos - Contrabando na Raia Central" (2006), "Meimoa de Ontem e de Hoje" (2007) e "Eh! Madeiro!" (2008). O próximo trabalho será dedicado as famosas capeias da raia, as touradas com forcão que são típicas, por exemplo, no concelho vizinho do Sabugal.

Autor: José Furtado in jornal "A Reconquista"

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