sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Penamacor recebe feira e fórum nacional de apicultura


Mel não chega para as encomendas

Agricultura e crise são duas palavras que andam quase sempre de mãos dadas. Mas também há oportunidades como a apicultura, que esteve em destaque em Penamacor no último fim-de-semana.

A Meimoacoop pretende duplicar a produção de mel nos próximos anos. A cooperativa agrícola sedeada no concelho de Penamacor espera atingir este ano as 20 toneladas, mas segundo o seu presidente, Domingos Bento, “o nosso objectivo é em muito curto prazo atingir as 50 toneladas, pelo menos”.

A meta foi deixada na abertura da Feira Nacional do Mel, que decorreu no último fim-de-semana em Penamacor numa organização conjunta da Meimoacoop, Câmara Municipal de Penamacor e da Federação Nacional dos Apicultores de Portugal.

Na base desta estratégia de crescimento da Meimoacoop está a central meleira inaugurada em Julho de 2009, que só até ao final desse ano extraiu cerca de 12 toneladas de mel, número que vai ser ultrapassado apesar de 2010 não ter sido um ano propício ao sector devido à chuva tardia.

Mesmo assim, diz Domingos Bento, “tem estado a correr muito bem e não temos tido mel para as encomendas”.

A Meimoacoop começou a trabalhar com os apicultores há cerca de cinco anos, não só na construção da central instalada na freguesia de Vale da Senhora da Póvoa, mas também na criação de uma zona controlada, que abrange os concelhos de Penamacor, Sabugal, Belmonte e Guarda. A inclusão deste último concelho não era aliás um objectivo inicial “só que os apicultores ficaram desapoiados e nós incluímos a Guarda na zona controlada”, explica Domingos Bento. Actualmente há cerca de 200 apicultores nesta zona, dos quais meia centena são associados da Meimoacoop.

Com estes projectos, a cooperativa quer agarrar toda uma fileira “desde o apoio técnico à extracção do mel, embalagem e colocação no mercado”.

Apesar do desenvolvimento de projectos como o da Meimoacoop, a apicultura ainda é uma actividade que está a ser explorada de forma muito tradicional e apenas virada para a produção de mel.

Rui Barreiro, o secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, sublinha que o sector “tem muitos mais produtos que o mel, não é apenas o mel que traz riqueza aos produtores”, afirmou na inauguração da feira em Penamacor.

O Governo está a apoiar a apicultura através do Proder, o Programa de Desenvolvimento Rural. Este prevê uma comparticipação máxima de 40 a 60 por cento dos projectos de apicultura em espaço florestal em zonas desfavorecidas, abrangendo a compra de colmeias, instalação de apiários e até plantação de árvores e arbustos adequados à produção de mel.

Domingos Torrão, o presidente da Câmara Municipal de Penamacor, diz que a apicultura é uma aposta para um concelho como Penamacor e diz esperar que esta crie postos de trabalho directos “e que não seja apenas um complemento dos rendimentos de cada um”, refere.

Para o autarca esta é uma aposta “que tem de ser feita por todos nós e tem de ser essencialmente dos territórios do interior”.


Terras do Lince é mais-valia


A Meimoacoop comercializa o mel através das marcas Serra da Malcata e Terras do Lince. Esta última foi registada pela Câmara Municipal de Penamacor e começou por dar nome a produtos como o mel, azeite e queijo. Actualmente chega também aos bolos e enchidos tradicionais.

Domingos Bento diz que as duas marcas produzidas pela Meimoacoop têm vendas semelhantes, mas destaca as mais-valias que a Terras do Lince teve na promoção não só do mel mas também do queijo que a cooperativa produz.

Os produtos da Meimoacoop chegam a todo o país graças a um acordo com o grupo “Os Mosqueteiros”, que gere a rede de hipermercados Intermarché e Ecomarché. O queijo é ainda exportado para França, de onde este grupo de distribuição é originário. Com o mel a exportação é ainda complicada, sobretudo porque não há produto que chegue para a procura, nem mesmo no mercado nacional.

“As encomendas aqui podem ser na ordem dos 400 quilos e para a exportação são de 1000 a 1500 quilos de cada vez”, explica Domingos Bento.

Segundo o presidente da Meimoacoop, as grandes superfícies aproveitam esta pecha para colocar mel de menor qualidade no mercado nacional, vendendo através das chamadas marcas brancas um produto que não é mais que uma mistura de mel nacional com mel importado.


Autor: José Furtado in jornal "A Reconquista"

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