quinta-feira, 24 de junho de 2010

Oferta escolar deverá ficar reduzida a duas turmas

Secundário cada vez mais incerto em Penamacor

A preocupação foi deixada na inauguração da Feira das Energias Renováveis, que decorreu durante dois dias no Terreiro de Santo António.

O próximo ano lectivo no concelho de Penamacor poderá começar com cerca de 30 alunos no ensino secundário, do 10.º ao 12.º ano. Esta é a expectativa do Agrupamento de Escolas Ribeiro Sanches, que espera uma nova machadada à conta da desertificação do concelho raiano. O período de matrículas ainda não se encontra encerrado, mas a directora da escola faz as contas ao que poderá ser inevitável.

“Nós não vamos ter alunos para formar mais do que duas turmas, uma de um curso científico humanístico e outra de um curso profissional”, referiu Helena Pinto. Na área científica-humanística deverá avançar o curso de ciências e tecnologias, enquanto no profissional “não sei se será o das energias renováveis”. Tudo depende do número de alunos que se queiram inscrever, o que parece ser cada vez mais difícil devido à abertura deste curso noutras escolas do distrito, nomeadamente na cidade de Castelo Branco.

A preocupação foi deixada na inauguração da Feira das Energias Renováveis, uma organização da escola penamacorense, que durante dois dias ocupou o espaço do Terreiro de Santo António. No discurso que antecedeu a abertura, Helena Pinto afirmou que não é contra outras escolas que promovem cursos deste tipo “mas queremos que haja uma preocupação da parte das estruturas centrais na distribuição destes cursos, de modo a pensar no futuro destas escolas pequenas e dos concelhos pequenos como o nosso”.

A organização da feira é uma forma de mostrar à comunidade o trabalho da escola, mas também motivar os alunos para o empreendedorismo. O secretário de Estado Adjunto, da Indústria e do Desenvolvimento, que esteve em Penamacor para inaugurar a feira, felicitou a escola pela aposta na formação profissional em energias renováveis, sublinhando que esta é uma área estratégica para o país. Para Fernando Medina “esta aposta nas energias renováveis é não só uma necessidade (..) mas uma enormíssima oportunidade da captação de emprego e de investimento”.

O concelho de Penamacor tem actualmente um parque eólico que ronda os 80 megawats e prepara-se para produzir electricidade através do canal de transvaze entre as barragens do Sabugal e da Meimoa. A estes investimentos junta-se a formação, com o presidente da Câmara Municipal de Penamacor a elogiar trabalho feito pela escola.

“O agrupamento de escolas, em parceria com a câmara municipal, tem feito um óptimo serviço para que no futuro os jovens possam ter uma saída profissional”, sublinhou Domingos Torrão, pedindo que sejam dadas condições para que o curso continue no concelho.

A diminuição do número de alunos no Agrupamento Ribeiro Sanches poderá também ter consequências para além da formação de turmas. Helena Pinto chama a atenção para o facto de a escola também poder vir a perder professores.

“Em regime de professores do quadro se não houver horário para todos vão ter que entrar em horário zero e ser colocados noutras escolas”, explica a directora, que espera não chegar a esta situação. A escola sede do agrupamento tem cerca de 300 alunos e o último ano lectivo começou com menos 30 alunos de diversos anos.


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