quinta-feira, 23 de julho de 2009

Ribeiro Sanches satisfeita com aposta no profissional

Curso pioneiro corre o risco de desaparecer

Os primeiros finalistas em energias renováveis receberam os diplomas e há empresas portuguesas e espanholas interessadas nos jovens. Mas a abertura de mais cursos do género poderá ditar o fim da formação em Penamacor.

O Curso Profissional de Energias Renováveis da Escola EB 2 3 Ribeiro Sanches de Penamacor poderá estar em causa dentro de pouco tempo, com a abertura de outros cursos do género em escolas da região. O receio foi deixado pela presidente do agrupamento de escolas de Penamacor na entrega de diplomas aos primeiros 10 finalistas, na área de energia eólica.

Entre os alunos que concluíram os três anos de formação – que equivale ao 12.º ano – estão jovens de concelhos vizinhos como Idanha-a-Nova, Covilhã ou Fundão, o que viabilizou o curso num concelho com poucos jovens como Penamacor. Com a aprovação desta formação noutras escolas, nomeadamente nas cidades do distrito, a vila raiana poderá deixar de ser procurada e a redução do número de alunos é o caminho para o fim dos cursos.

Se o cenário se confirmar “será difícil para Penamacor rivalizar com uma cidade”, diz Helena Pinto, a presidente do Agrupamento de Escolas de Penamacor. E assim “será o fim de curso profissional a breve prazo”.

Empresas de olho nos alunos

Preocupações à parte, a aposta no profissional representa para a escola penamacorense um marco na sua história, não só porque é algo completamente novo como ajudou na redução do insucesso escolar, que também está associado à falta de alternativas ao ensino tradicional.

A formação profissional na área das energias renováveis arrancou há três anos em Penamacor, com a turma de energia eólica. Nos anos seguintes juntaram-se mais duas, vocacionadas para a energia solar. Para António Paralta, o responsável pelo ensino profissional na escola penamacorense, esta foi uma aposta ganha, porque sem ela alguns dos alunos “talvez hoje não tivessem o 12.º ano”.

O curso também ajudou à divulgação da escola além das fronteiras do município. Os alunos passaram por empresas do Porto, Viseu, Sabugal e Castelo Branco no âmbito da formação em contexto de trabalho e têm despertado o interesse de empresas da área das energias, como a EDP. A eléctrica portuguesa tem contactado a escola para saber se os alunos terminaram a formação e até de Espanha chegam pedidos.

“Mesmo do pais vizinho já tivemos a Iberdrola e outras empresas a perguntar se já tínhamos algum técnico formado”, diz António Paralta. A mola para este interesse foi a Feira de Energias Renováveis, que os alunos organizaram este ano pela segunda vez, tendo contado com a visita do secretário de Estado da Educação.

Do ministério a escola espera não só que seja prudente na aprovação de mais cursos do género, mas também que dê uma maior atenção à questão do acesso ao ensino superior. Qualquer um dos dez jovens que terminaram o curso tem essa possibilidade, mas estão em desvantagem em relação a outros. Tudo porque, explica António Paralta, “o ministério coloca-os a fazer exame numa altura em que estão a terminar a formação em contexto de trabalho e não podem faltar às empresas”.

No próximo ano lectivo a Ribeiro Sanches vai ter 40 alunos em formação profissional, entre os quais uma nova turma na energia eólica. Para os 10 que já têm o diploma o futuro começa agora.


Autor: José Furtado in jornal "A Reconquista"

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