sexta-feira, 5 de abril de 2013

Distrito da Guarda perdeu mais de 2 mil habitantes num ano

Concelho da Guarda nunca tinha perdido tanta gente em 12 meses.
 
O distrito representa 54 por cento das perdas populacionais da Beira Interior, onde os piores concelhos são Castelo Branco e Covilhã. Maioria dos municípios reduziu quebras, mas a região no seu conjunto perdeu mais mil habitantes comparativamente a 2010.
 
Por: Sara Quelhas in jornal "O Interior"
 
O concelho da Guarda atingiu um máximo histórico ao perder 489 habitantes em 2011, apesar de o distrito ter reduzido o “pico” atingido um ano antes. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), a Guarda viu sair mais 224 residentes relativamente a 2010, o que representa um agravamento de 85 por cento em 12 meses.

A história repete-se: a capital de distrito perde população desde 2001, altura em que teve um acréscimo de 40 habitantes e contrariou oito anos a “ganhar” cerca de meio milhar por ano. O caso é ainda mais dramático se pensarmos que, até ao arranque do século, a cidade era a melhor a nível regional. Em 2011, é o concelho que mais perde no distrito e apenas Castelo Branco e Covilhã apresentam perdas mais elevadas na Beira Interior. A base de dados do INE – com periodicidade anual desde 1992 – coloca a região e o distrito da Guarda sempre no “vermelho”, apesar de Portugal só ter variação negativa há dois anos. O concelho albicastrense atingiu também uma descida histórica e, pela primeira vez, apresenta perdas na ordem das centenas, com menos 612 habitantes do que no ano anterior. Até à data, o pico negativo era de 29 populares em 2005, com a última variação positiva em 2009.
Aguiar da Beira, Almeida e Guarda foram os únicos concelhos do distrito a apresentar quebras superiores a 2010, pelo que o distrito perdeu 2.229 pessoas, uma descida inferior à do ano anterior (2.269 habitantes). Já em Castelo Branco, Penamacor e Cova da Beira (Covilhã, Belmonte e Fundão), apenas Penamacor teve uma redução inferior em relação ao ano anterior.
O concelho de Seia, habitualmente o pior do distrito, caiu este ano para segundo lugar, com uma quebra de 292 residentes. Em terceiro ficou o Sabugal – com menos 240 pessoas –, que em 2010 já tinha sido ultrapassado em perdas pela Guarda. Estimativas recentes antecipam dados ainda mais preocupantes para 2012, já que terão emigrado mais de 100 mil portugueses e a natalidade voltou a descer.

Freguesia de S. Miguel (Guarda) destaca-se pela positiva

O distrito da Guarda perdeu 1.281 moradores entre 2001 e 2011, mas algumas das suas freguesias conseguiram aumentar a população. É o que acontece no Adão (mais 6), Aldeia do Bispo (mais 40), Gonçalo Bocas (mais 10), Santana da Azinha (mais 15), S. Vicente (mais 165), Sobral da Serra (mais 14) e S. Miguel (mais 1.194).
A zona da estação é mesmo o destaque nos dados do INE (Censos), já que ultrapassou a freguesia da Sé, tornando-se a segunda com mais habitantes no concelho, atrás de S. Vicente. A freguesia da Sé representa perto de 47 por cento das perdas globais da Guarda, com uma quebra de 601 moradores ao longo da década.

Novos Povoadores sem projetos na Beira Interior

O projeto Novos Povoadores visa o repovoamento de territórios de baixa densidade nomeadamente através da criação de postos de trabalho por famílias empreendedoras. Com quase três anos de duração e 1.400 agregados, esta iniciativa não conta nenhum caso no distrito da Guarda, apesar de ter a sede lá.
«Temos cerca de 100 famílias com projetos para o distrito mas não temos resposta para lhes dar», lamenta Frederico Lucas, um dos fundadores dos Novos Povoadores. O responsável divide o problema em três questões essenciais: «É preciso saber em que setor estratégico a região quer apostar, e aí poderemos encaminhar pessoas», disse a O INTERIOR. Também o papel do Instituto Politécnico da Guarda (IPG) e a sua capacidade formar na área selecionada são apontados como ideias-chave, assim como as futuras mais-valias para as empresas já instaladas. «Se fizermos projetos para chamar pessoas de fora não se resolve o problema das que cá estão», salienta.
Quanto às perdas populacionais verificadas, o responsável defende que «a Beira Interior não soube perceber nem precaver o que aí vinha». Frederico Lucas reitera o peso de empresas como a Rohde e a Delphi: «O interior ganhou fama quando trouxe empresas de áreas que não tinha, mas não soube dar continuação a isso», critica. Apesar de não atuar no distrito, o promotor faz um balanço «bastante positivo» dos Novos Povoadores, que instalaram já três famílias em Alfândega da Fé, o primeiro município a acolher a iniciativa.

 

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