terça-feira, 1 de março de 2011

Penamacor: Como é viver numa escola com menos 5,5% do Orçamento de Estado


Chineses, ucranianos, brasileiros e portugueses partilham o mesmo Agrupamento de Escolas que continua a sentir um decréscimo de alunos, mesmo assim, o projecto educativo em promover a formação académica dos alunos é visto por toda a comunidade escolar como ponto forte.

A escola está bem, recomenda-se e está de saúde diz a directora do Agrupamento que fez uma auto-avaliação para identificar os pontos fortes e os fracos do Agrupamento Ribeiro Sanches composto por 83 professores, 486 alunos e 38 pessoal não docente. É esta família escolar do concelho de Penamacor.

Helena Pinto admite ainda não ter os dispositivos que gostava que a escola tivesse para se auto-avaliar a juntar aos resultados ao nível do 9º ano, apesar de terem dado um pequeno salto de melhoria ainda não estão bem classificados a nível nacional, sobretudo nas disciplinas de português e matemática assim como os resultados nas disciplinas de biologia/Geologia e físico-química A. O “calcanhar de Aquiles” do Agrupamento Ribeiro Sanches está na redução de alunos, ou por motivos de transferência ou por anulação de matrícula, sinónimo da desertificação e abandono de todo o território do Interior. Se o concelho de Penamacor vive de forma acentuada o peso da desertificação, este êxodo para as cidades tem tido reflexos no agrupamento de escolas que tem tido dificuldade em fazer uma oferta educativa que possa satisfazer as escolhas de todos, porque não tem alunos suficientes para abrir turmas necessárias.

Tal como acontece em todos os agrupamentos de escola, estejam eles no Interior ou no Litoral, também o de Penamacor vive sobretudo do Orçamento de Estado e Helena Pinto já fez as contas e diz que se tem sido difícil viver com menos, este ano lectivo o Agrupamento de Escolas Ribeiro Sanches vai ter de viver ainda com menos, em cerca de 5,5% do Orçamento de Estado, a principal fonte de financiamento. Á pergunta como é que a escola vai viver com menos dinheiro em tesouraria a directora responde “tal como vivemos em nossas casas, fazendo cortes onde temos mais gastos”.

A falta de uma psicóloga a tempo inteiro no Agrupamento, dado que o Ministério da Educação não autorizou a renovação do contrato com a técnica vem traduzir na prática a falta de um serviço de orientação escolar a funcionar, como aconteceu no ano passado em pleno diz Helena Pinto recordando o ano anterior em que foi feito um trabalho notável em termos de aprendizagem e orientação escolar porque havia uma psicóloga a tempo inteiro em articulação com a autarquia, tendo permitido o aumento das taxas de sucesso escolar.

A Escola Ribeiro Sanches tem formado gerações em Penamacor, numa escola que nasceu no Solar do Conde, hoje como Biblioteca Municipal, seguiram-se os pré-fabricados junto à mata municipal por um período provisório mas que o tempo arrastou durante 15 anos até 1999, altura em que foi construída junto à variante da Vila a nova escola sede. Passados 12 anos a escola continua por inaugurar, uma situação que não preocupa Helena Pinto que responde que “ o cortar da fita é o momento menos importante que tem uma escola”. Desvaloriza o acto porque sabe que o mais importante é o trabalho que é feito todos os dias que começaram quando toda a comunidade mudou-se para as novas instalações. Mais que estar a faltar a inauguração, a escola está preocupada é com a redução de alunos.

O Agrupamento Ribeiro Sanches tem pontos fortes que merecem atenção da directora ao enumerar a “estabilidade do corpo docente, os resultados escolares dos alunos do 1º e 2º Ciclos a juntar às parcerias e projectos criados de ligação à comunidade”. Com instalações notáveis a escola sede tem apostado nas energias renováveis, tendo em funcionamento um curso profissional nesta área. Aliás, a par de uma escola da Sertã, foi pioneira nesta área e hoje tem uma estação meteorológica auto-suficiente em termos energéticos e aposta na microgeração onde os painéis foto-voltaicos permitem arrecadar uma renda que ronda os 300 euros mensais, da energia vendida à REN.

Presente em sete freguesias do concelho raiano o Agrupamento de Escolas que tem como patrono o pedagogo Ribeiro Sanches continua a formar alunos dos 3 até quase aos 20 anos de idade de quatro nacionalidades.

Autor: Jaime Pires in "Diário Digital Castelo Branco"

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