sábado, 29 de agosto de 2009

No imaginário criativo do costureiro Luís Vaz

Luís Vaz é um nome que marca um espaço na moda nacional. Com um vasto leque de clientes em todo o país, é na Benquerença que este criador de moda desenha e fabrica roupa com glamour e sofisticação.

CHAMA-SE Luís Vaz, tem 42 anos e é na pequena aldeia de Benquerença, no concelho de Penamacor que tem o seu ateliê. É ali, no meio do quase nada que dá asas à imaginação, que cria roupas para um vasto leque de clientes que se espalham um pouco por todo o lado.

Na infância, e depois de concluir a quarta classe, os pais do agora costureiro e estilista preocupados com a sua educação resolveram enviá-lo para o Seminário do Verbo Divino no Tortosendo. “Eu gostei muito da experiência, pois aprendi a tocar guitarra, acordeão. Foi uma verdadeira escola de aprendizagem. Depois do nono ano ou seguia para o Seminário de Fátima, ou então tinha que sair... Eu não tinha vocação para padre (risos)”, revelou ao JF.

Ao longo do seu percurso académico tirou vários cursos, um dos quais foi o curso de design no IADE. A partir daí nunca mais parou, até que um dia resolveu ir para Lisboa, onde exerceu outras actividades. Por lá, na capital, experimentou um pouco de tudo, desde DJ, decorador... enfim as loucuras da época.

Luís Vaz sempre foi extravagante, provocador... um excêntrico na sua juventude. Era novo demais para regressar à terra que o viu nascer. A Benquerença era “tímida” e pouco apelativa. Não correspondia nem pouco mais ou menos às expectativas deste jovem criador. Sempre gostou de desafiar as regras vigentes da pacata freguesia, do concelho de Penamacor. A liberdade que o costureiro sentia era de certa forma rebelde, de tal forma, que os habitantes, por vezes não o entendiam. Não foi fácil essa relação porque aqueles que o criticaram apenas desejavam ser igual. A audácia, a singularidade deste adolescente ajudou a despertar uma freguesia para um “olhar” mais indulgente.

Luís Vaz não é um produto massificado nem tão pouco embalado, mas sim, um ser único no seu universo. Dono e senhor de uma sensibilidade própria, pura e ao mesmo tempo austera. Estas são qualidades que fazem do estilista um excelente contador de histórias nas peças que produz e idealiza e que reflectem o iluminismo e do romantismo de que tanto gosta.

Aos 29 anos regressa às suas origens para concretizar um sonho: abrir um ateliê de moda na aldeia. “Eu, em Lisboa, não tinha oportunidade de abraçar este projecto, porque não possuía condições económicas para o fazer. Digamos que fui obrigado a regressar para dar início a um sonho que eu não poderia continuar adiar. Só na Benquerença tinha estas condições, como por exemplo uma casa”, recorda.

As primeiras encomendas começam a surgir. O engenho e a magia do criador são desenvolvidos no pormenor, no glamour no toque pessoal que imprime a cada peça de roupa. “Eu tanto trabalho para mu-lheres como para homens. Outras das vezes sou eu que vou ao encontro dos meus clientes de norte a sul do país”.

Seja como for, o costureiro faz as delícias de uma clientela que gosta de luxo. É uma máquina de ilusões, ajudando-os a concretizar os seus sonhos. “Para resistir a esta interioridade é necessário trabalhar muito sobretudo com qualidade. A nossa região precisa deste tipo de serviços. Ao longo dos tempos a mudança de comportamentos foram-se alterando, hoje, as pessoas preferem ter uma peça de roupa exclusiva”, explica o criador.

Se tivesse que vestir uma figura pública, Luís Vaz escolheria Catarina Furtado. “Em meu entender é uma mulher com traços verdadeiramente portugueses. Escolheria outras figuras femininas e masculinas do mundo do jornalismo, teatro e da televisão” reiterou ao JF.

Para além da moda e das dezenas de desfiles que já realizou, actualmente dá formação em áreas tão distintas, como a história do penteado, do traje e da moda, das artes, desenho geral, decoração de interiores… Esperamos que a tesoura que utiliza para cortar os tecidos continue a ser um instrumento de sucesso a partir de uma aldeia que hoje o admira, não só pelo seu talento, como pelo bom gosto em tudo aquilo que constrói.

LWS é a marca da sua roupa. É assim, que Luís Vaz comunica e interage com as pessoas criando peças de roupa híbridas, animalescas, cheias de glamour e sofisticação. As clientes agradecem este talento e ele a escolha de quem gosta de vestir o que desenha e costura.

Autor: Pedro Silveira in "Jornal do Fundão"

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