sexta-feira, 8 de maio de 2009

Bemposta - Artigo de Opinião

Ponte Romana em vias de ruir.


Por Bemposta passava uma importante estrada romana Legionária, partia de Mérida (Emérita, Capital Romana), ligava Idanha-a-Velha (Civitas Igaeditanorum) e passava por Medelim, Bemposta, Pedrógão S.Pedro, sulcava por Mata da Rainha, Quintas da Torre (Antiga Torre dos Namorados), Capinha (Talabara), Caria, Belmonte, Valhelhas, Manteigas, Vila de Crasto ou Crasto Verde, Paços da Serra, sendo dela o principal objectivo Viseu (Talabarica).
Por tal, construíram a ponte romana entre Bemposta e Pedrógão de S. Pedro. A velha ponte romana, sobre a ribeira das Taliscas, cuja construção se aponta para o ano 105 D.C., dado a uma inscrição na ponte romana de Alcântara (em Espanha).
Ao longo dos anos a sorte da ponte romana da ribeira da Taliscas tem sido pouca, tendo sofrido sucessivos atentados.
Aquando da construção da nova ponte, o seu segundo arco foi destruído pelo empreiteiro, que levou pedras (cantarias com legendas). E só não levou o resto porque a população se opôs. O que restou foi apenas um dos arcos, de volta perfeita, com grandes aduelas regulares de granito.
Em 1979, no 1º Colóquio de Arqueologia e Historia do Concelho de Penamacor, já Joaquim Candeias da Silva alertava para o que restava e merecia toda a atenção de eventuais reparações e até reconstruções. No seu estudo fez o seguinte relato: “ Entre estes, vimos algumas pedras de aparelho com decorações geométricas, ou com enigmáticos sulcos (letras?), outras com orifícios, e ainda um malhão de grandes proporções”.
“Pela margem direita lá corre ainda, a dar, acesso ao edifício abatido e também já em decomposição ao longo dos seus cerca de 20 metros de extensão, um troço de via romana de estrutura clássica. Foi junto dela que recolhemos um cutelo inegavelmente romano…”
Hoje, toda a sua estrutura se encontra com profundas fendas, sem argamassa. A ribeira, com as invernias, foi-lhe afundando cada vez mais os alicerces, acabando por defender-lhe a aba direita. Ao longo do leito da ribeira encontram-se pedras pertencentes à sua estrutura, à mercê de qualquer mão alheia. Para além disso encontra-se envolvida numa repleta floresta de salgueiros, silvados e entulho, sem condições de qualquer visita possível.
Caso a sua intervenção não seja breve, acabará por desabar um dos mais importantes monumentos históricos do nosso concelho.
Por fim deixo a lembrança de que o presente se enraíza no passado que herdamos e temos como obrigação sagrada de o preservar, partilhar e dar a conhecer aos outros.

Autor: Daniel Lopes
daniel.f.m.lopes@gmail.com
www.gens-isibraiga.blogspot.com
in jornal A Reconquista

1 comentário:

ⓡⓞⓣⓘⓥ disse...

Olá :)
O Blogue dos Manteigas de visita a este espaço :)
Abraços
http://bloteigas.blogspot.com/