segunda-feira, 9 de março de 2009

Saúde de Penamacor em foco

Futuros enfermeiros estudam realidade da Raia
Alunos da Escola Superior de Saúde fizeram a caracterização da comunidade de Penamacor em várias vertentes, no âmbito do estágio com vista à licenciatura em enfermagem.
Porque não se pode partir para o tratamento sem primeiro detectar a doença, alunos da Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias, do Instituto Politécnico de Castelo Branco, desenvolveram um trabalho de caracterização da comunidade urbana e rural de Penamacor. O trabalho no terreno começou a ser feito em Dezembro de 2008, nas vertentes da saúde, educação, segurança, ambiente, actividades sócio-económicas e cultura. Com o tema, “Hábitos de Vida e de Saúde no Concelho de Penamacor”, os alunos desde a primeira hora sempre assumiram a humildade científica dizendo que “não se tratar de um trabalho de investigação”.
Com vista à licenciatura em enfermagem, os 10 alunos sabem que a pobreza e a exclusão social continuam a ser fenómenos cujas raízes não são isoladas, por isso trabalharam junto dos agentes activos para poderem caracterizar a comunidade de Penamacor. Tratou-se de um trabalho em grupo para um colectivo que é a comunidade de Penamacor, sem a pretensão de ser um trabalho de investigação nem um diagnóstico do concelho, já que este há muito está feito.
Os alunos da Escola Superior de Saúde realizaram um contacto directo não só com as entidades responsáveis pelas áreas que pretenderam estudar como também com a população residente na Raia. Para isso seleccionaram 20 testemunhos privilegiados na comunidade.
Há problemas que têm origem num conjunto de factores e são esses factores que é preciso conhecer para partir depois para a resolução de alguns problemas sociais.
Devidamente identificados, com cartão de identificação e uma declaração da condição de aluno, o grupo de jovens bateu a todas as portas para caracterizar o modo de vida das gentes que vive num território que nos últimos 50 anos perdeu quase 65 por cento da população residente. O cenário, dentro de 25 anos não se mostra optimista, já que a Agenda 21 Local revelou que se não se tomarem medidas concretas de desenvolvimento poderá existir no total das 12 freguesias pouco mais de 5500 habitantes.
Este trabalho realizado pelos alunos, no âmbito do estágio do curso de licenciatura em enfermagem mostrou as potencialidades e as fragilidades com ideias e caminhos para inverter as fragilidades e potenciar o que de melhor tem o concelho. Na apresentação do trabalho final deixaram algumas reflexões e sugestão.
Em 2006 foi feita a radiografia do concelho em todas as áreas e está documentada no diagnóstico social, uma peça essencial na consulta por parte deste alunos. O diagnóstico social foi na altura um trabalho moroso e complexo, financiado pela União Europeia.
Foi preciso encontrar respostas para os muitos factores que vão desde saber quantos jovens abandonaram a escola antes da escolaridade obrigatória, o desemprego, qualidade de vida, condições das habitações, saúde, justiça, educação, demografia, economia e ambiente.
A vertente da saúde é aquela que mereceu maior atenção, dado que o concelho ainda não dispõe de serviços complementares de saúde, como é o caso da fisioterapia ou especializados em apoio a portadores de deficiência.
No universo de 20 pessoas, sete residentes no concelho enumeraram que as patologias mais frequentes da população centram-se nos diabetes, doenças cardiovasculares, reumatismo e obesidade.
O projecto da Unidade de Cuidados Continuados, aprovado pelo Governo, poderá ser a solução para a questão do internamento a juntar à necessidade de apoio nocturno aos idosos em todas as freguesias e a debilidade das redes de apoio familiar aos idosos o que suscita casos de solidão, é outro dos problemas sociais.
Durante oito semanas os futuros enfermeiros conheceram de perto a realidade concelhia e relacionaram hábitos de saúde, sociais, qualidade de vida à promoção da saúde.

Autor: Jaime Pires in Jornal A Reconquista

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