quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Seguro fez o pleno em Penamacor mas foi derrotado no distrito de origem

NA BEIRA onde nasceu e cresceu, António José Seguro ganhou apenas no distrito da Guarda, em Penamacor, em Idanha-a-Nova e em Belmonte, numas primárias que ele próprio lançou e cujo modelo nunca tinha sido aplicado em Portugal. A Federação da Guarda foi a exceção nacional, dando ao secretário geral demissionário mais cerca de mil votos do que a António Costa.

No distrito de Castelo Branco, António José Seguro não conseguiu bater António Costa, mas arrasou, como era expectável, em Penamacor, a sua terra natal, com mais de 700 votos de vantagem. A jogar em casa, conseguiu fazer o pleno, arrasando António Costa com uma votação que não encontrou paralelo em qualquer outra mesa de voto do país.

Mais: em Penamacor, militantes e simpatizantes mobilizaram-se, conseguindo transformar a mesa de uma das secções com menos militantes ativos na segunda com maior número de votantes em todo o distrito. Apenas em Castelo Branco votaram mais militantes e simpatizantes do que em Penamacor, que é um dos concelhos mais desertificados e envelhecidos do país.

Dos 767 militantes e simpatizantes do concelho de Penamacor, apenas 25 “traíram” o conterrâneo Seguro, escolhendo António Costa para secretário geral do PS. Os restantes 742 mantiveram-se fiéis ao secretário geral demissionário.

No domingo à noite, António José Seguro pôde também cantar vitória em Idanha-a-Nova com uma vantagem de 166 votos e uma curta vitória de três votos de diferença em Belmonte. No Teixoso (concelho da Covilhã) de onde é natural a mulher de António José Seguro, Costa venceu efetivamente, mas com uma curta vitória: apenas quatro votos separaram os dois candidatos.

Da cerca de dezena e meia de mesas eleitorais do distrito, apenas três delas não afinaram pelo mesmo diapasão, dizendo claramente que estavam e queriam continuar com Seguro na liderança do partido.
“Tivemos uma grande adesão de militantes e simpatizantes que quiseram manifestar a sua opção relativamente aos dois candidatos a secretário geral do PS”, considera a presidente da Federação Distrital do partido, Hortense Martins, sublinhando que num universo de mais de 6.700 militantes e simpatizantes no distrito, votaram mais de 4.500, “numas primárias que demonstraram, uma vez mais, que o PS é um grande partido que faz falta à democracia”.

“António Costa obteve uma vitória expressiva porque os portugueses veem nele a esperança para mudar o país. Os portugueses estão cansados do atual governo de direita, que tanto tem massacrado as pessoas, as pequenas empresas e em particular o Interior”, acrescentou a responsável distrital do partido . “António Costa vai liderar um projeto estratégico que contará com o Interior e que permitirá a este território atrair mais empresas, criar mais emprego e fixar população”, assegura Hortense Martins.

A líder distrital do partido e deputada na Assembleia da República sublinha, por outro lado, a forte participação de simpatizantes nestas eleições primárias. “Apesar de ter sido uma campanha dura, difícil e prolongada no tempo, verificou-se que muitos portugueses participaram também neste processo de e escolha do secretário geral porque querem que o PS forme o próximo governo e crie um novo projeto para Portugal”, afirma Hortense Martins, sublinhando que “agora temos a responsabilidade de responder a esta esperança que renasceu e de lutar por Portugal”.

Simpatizantes em maioria

No distrito de Castelo Branco, o número de militantes do PS ronda os dois mil, confirmou ao JF a Federação, pelo que os simpatizantes representarão metade dos votos expressos nas primárias. Um distrito onde o novo secretário geral do PS obteve, compreensivelmente, uma das vitórias menos arrasadoras do todo nacional, com cerca de 55 por cento, ao contrário do que aconteceu noutras regiões onde conseguiu ir além dos 80 por cento.
No distrito de onde é natural, António José Seguro perdeu para António Costa com uma desvantagem de mais de 500 votos.

Distrito da Guarda

No distrito da Guarda, os resultados das primárias do PS foram os seguintes. António José Seguro obteve um total de 2.527 votos, levando a melhor sobre António Costa que conseguiu 1.571. António José Seguro ganhou em Vila Nova de Foz Côa, Figueira de Castelo Rodrigo, Aguiar da Beira, Celorico da Beira, Sabugal e Seia.
António Costa, por seu turno, ganhou na Mêda, Trancoso, Pinhel, Almeida, Fornos de Algodres, Guarda, Gouveia e Manteigas.

A nível nacional, António Costa obteve um total de 118.454 votos (67,88 por cento) enquanto António José Seguro ficou pelos 55.239 (31,65 por cento).

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