quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Zona de caça causa discussão entre Governo e associações


António Gil defende a diminuição de javalis
Associações e alguns partidos exigem que medida seja suspensa.
Vai ser de novo possível caçar na zona sul da Reserva Natural da Serra da Malcata, após 23 anos de proibição. A revogação da portaria de 1993 abriu uma guerra de palavras que tem de um lado Ministério do Ambiente, Câmara de Penamacor e clubes de caçadores e do outro associações e partidos de defesa ambiental. A Quercus foi a primeira a reagir à decisão e acusa o Governo de "ceder à pressão do lóbi da caça", contestando a opção por "colocar em causa a recuperação de várias espécies que se encontram a recuperar na zona: o corço, o veado ou o coelho, e ainda de espécies em perigo, como o lince, o lobo ou o abutre-preto". Os Verdes questionaram o Governo e prometem "desenvolver esforços para suspender ou revogar a decisão" que consideram "um erro que põe em causa os objetivos de conservação da reserva e a preservação do lince". Para António Gil, presidente do Clube de Caça e Pesca de Penamacor, esta é uma falsa polémica: "A caça vai ser aberta apenas ao javali, o principal responsável pela diminuição de linces, já que concorre pela mesma fonte alimentar: o coelho." O caçador acredita que para reintroduzir o felino "é fundamental diminuir a população de javalis, em excesso na Malcata, e desbastar as zonas de mato denso que dificultam o movimento do lince na procura de comida". António Luís Beites, presidente da Câmara de Penamacor, que promoveu o projeto em parceria com o Instituto de Conservação da Natureza e ministérios do Ambiente e da Agricultura, diz que os detratores da zona de caça "têm um profundo desconhecimento da realidade" e defende que, "além do benefício económico do turismo de caça, a medida facilitará a gestão do habitat e da sua biodiversidade".

Autor: Alexandre Salgueiro in "Correio da Manhã"

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