sexta-feira, 14 de maio de 2010

Antiga enfermeira não faltou à homenagem

Uma vida marcada por Lopes Dias

Maria Estela Camejo foi aluna do primeiro curso de enfermagem criado por José Lopes Dias. Mas o médico marcou a sua vida desde os primeiros momentos.
Muitos dos que iniciaram a sua formação pela mão do fundador da Escola de Enfermagem de Castelo Branco estiveram no Vale da Senhora da Póvoa para lhe prestar homenagem.
Maria Estela Camejo é um caso especial por várias razões. Foi aluna do primeiro curso de enfermagem em 1948, mas o seu percurso cruza-se com a figura de José Lopes Dias desde o primeiro ano de vida. Ainda bebé é atingida por uma difteria, que naquele tempo levava para a cova muitas crianças da sua idade. Lopes Dias salvou-lhe a vida graças a um tratamento de papas de linhaça com mostarda, contou ao Reconquista.
Estelinha, como também é conhecida, é natural da Lardosa, no concelho de Castelo Branco, onde nasceu há 84 anos. O seu pai foi colega de liceu do pai de José Lopes Dias e a ligação à família nunca mais se quebrou.
Anos mais tarde, Estelinha decidiu que queria ser enfermeira e estava decidida a ir estudar para Lisboa, após ler um anúncio no jornal. Conta que já tinha entregue a candidatura quando certo dia se cruza em Castelo Branco com José Lopes Dias, a quem confidencia a vontade. Ele mostra-se contra, perante a desilusão da jovem Estela.
“Olhe que já me basta a minha mãe que não quer que eu vá tirar o curso de enfermagem”, disse-lhe então. Afinal era apenas um mal entendido e Estelinha ficou a saber naquele momento, pela boca do próprio, que estava para abrir uma escola de enfermagem em Castelo Branco.
Findo o curso e o estágio, José Lopes Dias pediu-lhe para ir exercer enfermagem para a Benquerença, aldeia de origem do pai do médico. Estelinha foi “encantada” e exerceu a profissão numa terra onde antes da sua chegada não havia um Verão sem a morte de uma criança por falta de assistência e onde os bebés tomavam gema de ovo com cinza para se desenvolverem.
“Para mim foi extraordinária aquela terra, era gente boa, amigos”, recorda hoje.
Maria Estela Camejo passou ainda por Oledo, em Idanha-a-Nova, e esteve 11 anos nas Termas de Monfortinho, no mesmo concelho.

Autor: José Furtado in jornal "A Reconquista"

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