segunda-feira, 5 de abril de 2010

Semana cultural acontece há 11 anos

Benquerença com cultura para todos

Uns gostam de teatro, outros de música e até há quem goste de tudo. A variedade é uma das marcas da Semana Cultural de Benquerença, que termina este sábado com a burricada.

O Grupo de Bombos do Ourondo veio da Covilhã para abrir o caminho à festa e levar a população do adro da igreja para a Casa do Povo de Benquerença. É lá que fica montado até sábado o palco de mais uma Semana Cultural de Benquerença, que acontece naquela freguesia do concelho de Penamacor há já 11 anos.
O evento é mais que um acontecimento cultural, sendo também um ponto de encontro entre os naturais da freguesia, que regressam à terra com a aproximação do domingo de Páscoa.
Hermenegildo Soares está há vários anos em Lisboa, que troca durante estes dias pela aldeia natal. É adepto da semana cultural “principalmente pelo teatro, que é uma coisa que eu gosto muito”, confessa-nos. Na sua infância e juventude um evento como este seria praticamente impossível, não só porque a cultura era um luxo mas porque a própria época não era dada a festas.
“Antigamente a Quaresma era um tempo muito respeitado. Não havia música, não se cantava, não se dançava nem se assobiava”, recorda Hermenegildo. E logo ele, que gostava tanto de assobiar.
Maria de Lurdes Rosa mora na aldeia e assiste a alguns espectáculos. Apreciadora de fado não faltará à noite desta quinta-feira, em que Zé da Câmara sobe ao palco da Casa do Povo.
A semana cultual “é uma coisa diferente e depois não há por aqui nada nas redondezas”, diz-nos. É por isso que não se admira de ver gente dos Três Povos, aldeias vizinhas do concelho do Fundão, entre as cerca de 200 pessoas que cabem na sala de espectáculos.
Maria Alice Grancho prefere o folclore aos fados. O teatro é que não a convence.
“Eu depois não entendo os teatros, não sei o que querem dizer”.
A variedade de programação é uma das marcas da Semana Cultural de Benquerença, onde para assistir a um espectáculo basta pagar um bilhete de 1,5 euros. Os sócios da Associação Desportiva, Cultural e Recreativa de Benquerença nem sequer pagam, diz João Ribeiro, o presidente da associação, que assumiu nos anos mais recentes a organização do evento criado em 1999 por Joaquim Nabais.
“Estamos calejados a organizar as coisas, mas temos de arranjar alguém para substituir porque não nos queremos reformar aqui”, diz ao Reconquista, garantindo no entanto que por ele a semana não acaba.
Para Ilídia Cruchinho, a vereadora da Cultura na Câmara Municipal de Penamacor, “o fundamental é mesmo a boa vontade, podemos não ter espectáculo mais caros mas há bons espectáculos”, diz a autarca, que gostaria de ver este exemplo em outras freguesias do concelho.
“É uma forma de descentralizar a cultura e portanto a câmara apoia as actividades que são propostas pelas associações”.
António Luís Soares, o presidente da junta de freguesia, diz que com a semana cultural “eleva a auto-estima dos benqueridos”.
Na primeira noite a Benquerença recebeu os vizinhos do Grupo de Cantares da Meimoa e nos últimos dias passaram por lá as companhias Teatro Azul e Váatão e o humor de Hugo Sousa. Esta quinta-feira, dia 1 de Abril, sobe ao palco o fadista Zé da Câmara e na sexta-feira o grupo de música e dança rumba “El Camino”. As exposições de bordados da Gina e o cantinho da Melita estão abertas durante todos os dias da semana cultural, que termina como de costume montada nos burros e a caminho da Senhora da Quebrada. A famosa burricada parte este sábado às 11 horas do adro da igreja da aldeia.


Autor: José Furtado in jornal "A Reconquista"

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