sexta-feira, 30 de abril de 2010

Partidos aprovam moção na assembleia municipal

Partidos preocupados com falta de alunos em Penamacor

Penamacor perdeu 30 jovens no último ano lectivo por não conseguir formar turmas. No concelho pede-se uma excepção à lei para que o ensino secundário não morra.


Cavaco Silva, José Sócrates, Isabel Alçada e os deputados da Assembleia da República. Estes vão ser alguns dos destinatários de uma moção aprovada na Assembleia Municipal de Penamacor, que defende a criação de uma excepção para que a Escola Ribeiro Sanches possa funcionar com todas as áreas de ensino a partir de 10.º e até ao 12.º ano.
O Conselho Geral de Educação (CGE) de Penamacor propõe à Direcção Regional de Educação do Centro “uma autorização especial para que possam funcionar os cursos sem o número mínimo de alunos legalmente exigido, de forma a garantir mais oportunidades nas ofertas educativas neste concelho”, diz o documento lido durante a assembleia.
O CGE propõe, por exemplo, que na constituição de turmas dos cursos do 10.º ano “se possam agrupar alunos de cursos diferentes nas disciplinas da componente de formação geral” e que na componente específica haja a possibilidade de grupos de turma “com número de alunos inferior ao previsto na lei”.
Aquele órgão lembra ainda que a escola tem recursos humanos suficientes e pode adoptar a proposta “sem acréscimo de custos ao erário público”. É também sugerida a formação à distância, através de videoconferência, até para rentabilizar o investimento feito nos últimos anos nas novas tecnologias, através do Plano Tecnológico da Educação.
O tema chegou à assembleia municipal pela mão do presidente da Junta de Freguesia de Águas. Francisco Barreto, que faz parte do CGE, diz que no último ano lectivo “perdemos 30 alunos e este ano podemos perder mais”. O receio é sustentado no facto de haver apenas 31 jovens a frequentar o 9.º ano. Se não houver alunos suficientes para formar as turmas a alternativa é sair do concelho e no entender de Francisco Barreto “se os jovens vão embora já não voltam”.
A moção acabou por ser aprovada por unanimidade e uniu poder e oposição nas críticas à política de Lisboa em relação ao interior.
António Bento, da Coligação Todos por Penamacor (PSD, CDS, Partido da Terra), diz que a população de Penamacor faz parte dos “marginalizados da democracia portuguesa” e falou de sinais de revolta como os que chegam de Valença do Minho, onde a população contesta há várias semanas o encerramento das urgências do centro de saúde, protestando com o içar de bandeiras espanholas.
“O Governo não se pode demitir de salvaguardar os interesses básicos das populações do interior”, diz o deputado da oposição.
Porfírio Saraiva, do Partido Socialista, afirmou que a culpa da desertificação do interior “é dos diversos governos” e que concelhos como Penamacor não podem pagar uma factura da qual não são culpados.
“Devemos reclamar porque também pagamos impostos (…) nós não podemos calar-nos”, disse o também presidente da concelhia socialista.


Autor: José Furtado in jornal "A Reconquista"

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