quarta-feira, 28 de abril de 2010

O atirador de cavalaria Almeida que se fez padeiro...

No blogue "Cavaleiros do Norte*Quitexe", um espaço dinamizado pelo sr. Celestino José Viegas e que reúne a história e as estórias do Batalhão de Cavalaria 8423, encontramos referência a um Pedroguense, Joaquim Figueiredo de Almeida.
Para a posteridade, aqui transcrevemos o respectivo artigo, com a devida autorização do seu autor a quem agradecemos.


Miltares do PELREC. Em cima, da esquerda para a direita, Hipólito, Monteiro (furriel),
ALMEIDA e Vicente. Em baixo, Garcia (alferes), Leal, Neto (furriel) e Aurélio (barbeiro).
O 1º. cabo Almeida era atirador de Cavalaria e um ano mais velho que todos nós - os gloriosos «pelrec´s» da CCS dos Cavaleiros do Norte. Rezava a lenda de caserna que tinha ele fugido para França, a salto, e, por isso, teve incorporação militar um ano depois. Era de 72, nós 1973. Nunca ele, mesmo perguntado, confirmou se assim foi.
O 1º. cabo Almeida era a paz em pessoa! Quiçá, envergonhado da sua condição humilde, parido que foi lá pelas serranias da Estrela, nas abas de Penamacor. Nunca dele se teve um problema. Foi sempre zeloso, cumpridor e aprumado, humilde até parecer excesso. A equipa de combate que comandava era do PELREC e disciplinada, corajosa, sem medos... E ele, para além das missões que lhe competiam, como atirador de cavalaria - comendo o pó das picadas e vencendo o medos dos trilhos de perigos das matas... - , emprestava-se ainda às tarefas internas da guarnição, sem um ai de queixume e indo para além do curial - por exemplo, fazendo-se padeiro e coordenando as tarefas de ordenação do refeitório.
Ocorre-me isto, por ler um louvor do comando do BCAV. 8423, relevando «um militar muito disciplinado, correcto e sempre pronto a cumprir quaisquer serviços, mesmo voluntários, que se solicitassem». O documento dá especial ênfase ao período dramático de Junho de 1975, quando milhares de civis foram socorridos no BC12 e tinham de... comer. Pois o 1º. cabo Almeida, atirador de cavalaria que se fez padeiro, teve «esforço especialmente notório» nesse período de incidentes, «trabalhando dia e noite, para apoiar tão elevado número de pessoas».
O militar Almeida, evoco-o como sempre disponível, sempre cumpridor e sempre atento, sem uma qualquer exuberância ou algum deslumbramento, sempre consciente dos momentos que se viviam. E também o lembro pelo pão quentinho que barrávamos de manteiga, às vezes recheávamos de queijo ou goiabada, ou presunto em dia de festa. Era pelas noites dentro, quando estávamos de serviço, no Quitexe ou em Carmona.E como era bom o casqueiro amassado e cozido pelo padeiro Almeida, no forno da CCS!

1 comentário:

Anónimo disse...

caros pedrogoenses, é sempre agradável ler coisas bonitas sobre um conterrâneo, para mais quando são proferidas por gente de fora da nossa terra e neste caso de um pedrogoense que serviu nosso país.
Eu não conheci o sr. Almeida mas fico contente por ele ser lembrado da maneira bonita que foi pelos seus antigos camaradas da tropa, isto honra a nossa terra...