quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Fronteira: Espanhóis gostam de nadar em Penamacor



Quem chega pela primeira vez à recepção da piscina coberta municipal de Penamacor corre o risco de pensar que se enganou do lado da fronteira. O castelhano rivaliza com o português como língua oficial neste equipamento municipal, que nos últimos anos começou a despertar o interesse dos vizinhos espanhóis, sobretudo aqueles que vivem em Valverde del Fresno, a localidade mais próxima.
Araceli Guerrero e Guadalupe Mateus fazem a estrada entre Valverde del Fresno e Penamacor há praticamente dois meses. Araceli explica que a piscina mais próxima do lado de lá "fica a 100 quilómetros de Valverde", o que é bem menos que o percurso de 30 quilómetros que separa Valverde del Fresno de Penamacor.
As crianças chegam à piscina para aprender a nadar ou por recomendação médica, por causa de problemas nas costas. "Eles passam muito bem o tempo e estão muito contentes", diz Araceli.
Esta invasão pacífica por parte dos espanhóis surpreendeu a Câmara Municipal de Penamacor, que gere a piscina situada na zona da Água Férrea, à entrada da vila.
"Para nós é bom, porque permite que esta instalação possa trabalhar mais e ser mais rentável", diz António Cabanas, o vice-presidente da Câmara Municipal de Penamacor.
Para o autarca penamacorense, a inexistência de uma piscina como esta em Valverde del Fresno, ou nas localidades à sua volta, explica-se com a organização do próprio território, que não tem municípios à imagem dos portugueses.
"É mais fácil aos espanhóis fazerem uma auto-estrada do que coisas como estas nas localidades mais pequenas", refere António Cabanas.
Os preços praticados na piscina são outra mais-valia. Afinal o poder de compra dos nossos vizinhos é maior e nem os 120 quilómetros que algumas destas famílias fazem por semana parecem ser um problema, principalmente quando os preços dos combustíveis são menores do outro lado da fronteira.
O resultado está à vista. Dos cerca de 100 alunos que frequentam as aulas da piscina de Penamacor "60 por cento são portugueses e 40 por cento são espanhóis", diz Filipe Batista, um dos professores. E a tendência é para aumentarem os alunos espanhóis. No dia em que o Reconquista esteve na piscina, Virgínia Gonzales chegou para inscrever os filhos de 3 e 5 anos.
"Há muita gente que vem e que fala muito bem da piscina", explica esta mãe enquanto assiste à primeira aula dos filhos. O chamado boca a boca tem sido a melhor publicidade, mas as aulas de português que decorrem em algumas escolas raianas também ajudam.
"Há professores que dão aulas de português em Espanha que organizavam as turmas e vinham aqui com os alunos", conta Filipe Batista, que tem observado outro fenómeno curioso. Graças às aulas, as crianças que vivem agora em Penamacor passaram a ter amigos espanhóis da mesma idade, algo que não era habitual apesar da proximidade entre as duas povoações. Já os pais criaram uma relação diferente com os vizinhos.
"Eu venho aqui desde sempre. Antes vínhamos às compras, hoje é mais de visita", diz Virgínia, que voltará dentro de dias à vila.

Autor: José Furtado in jornal "A Reconquista"

2 comentários:

João Soares disse...

Olá Pedro
O vosso blogue foi indicado para figurar no Movimento Cidades pela Retoma.
Seja bem vindo ao meu blogue, o BioTerra, sobre Educação Ambiental e perto de 7 anos de actividade.
Abraços

Pedro F. disse...

Caro João,

Muito obrigado pela indicação e pelas boas vindas.

Abraço