quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Para onde vai o dinheiro em concreto?

Seis projectos, 12 milhões

As agro-indústrias estão em alta no Distrito. De uma assentada nascem dois negócios de milhões na área do olival e produção de azeite, dois na área dos enchidos e outros dois centrados na produção de queijo. O apoio é do Proder. Os projectos foram elaborados, em Castelo Branco, pela AJNR. Reconquista revela-os em primeira mão.

O Concelho do Fundão, vai ter uma das mais modernas unidades de produção de azeite do País a funcionar já em 2012. O investimento, da empresa Greenbiz, Lda, ultrapassa os 1,8 milhões de euros e prevê a instalação de um lagar, a duas fases, com capacidade para sete mil toneladas, bem como descaroçamento e repasso.

Associadas a esta empresa, que prestará serviços aos olivicultores da região, estão três outras unidades designadamente a Terra Curiosa, a Verde Mutante e a Vale do Talento. Cada uma destas empresas propõe-se investir uma verba superior a 1,1 milhões de euros na criação, manutenção e exploração de um olival super-intensivo, de compasso 6x3, os quais deverão estar em plena produção a partir de 2017.

Esta é apenas um dos projectos elaborados pelo Gabinete AJNR, com sede em Castelo Branco, que este ano já coordenou seis projectos de agro-indústrias no Distrito, que foram aprovados. Quatro desses projectos foram contratados na segunda-feira, em Castelo Branco, na presença do ministro da Agricultura. De um total de 52 para toda a Região Centro, cujo investimento global será de 20 milhões de euros, os projectos coordenados pela AJNR representam um investimento da ordem dos 7,5 milhões de euros, ou seja, mais de um terço da verba a investir.

“Foi uma satisfação ver estes projectos aprovados, pois eles dignificam a região, são estruturantes e valorizam as áreas industriais em que estão a ser instalados, além de promoverem a economia e o emprego regional”, explica António Realinho, economista e consultor, especialista em desenvolvimento regional, que criou a AJNR há 18 anos, em conjunto com consultores de Coimbra e Lisboa.

Apontado como o consultor da região com maior índice de projectos aprovados, sobretudo entre os de maior dimensão, António Realinho afirma que “o desenvolvimento regional se faz com projectos concretos das empresas”. De caminho, garante que “ao contrário do que muitas vezes se pensa, a região tem empresários dinâmicos, que sabem correr o risco, mesmo em alturas como esta”.

Enchidos, olival e produtos lácteos

Dos quatro projectos contratualizados na segunda-feira, o de maior dimensão ultrapassa os 2,8 milhões e está a ser concretizado pela empresa A. Pires Lourenço & Filhos, com sede em Castelo Branco. Além do aumento da produção, a empresa pretende criar uma nova unidade na Zona Industrial vocacionada para a transformação e embalamento de presuntos. “Trata-se de um projecto inovador, assente na transformação de presuntos com maior duração. É um projecto de referência em termos nacionais, de uma empresa que trabalha com grandes superfícies e que aposta fortemente na exportação”, acrescenta o economista.

Outro projecto coordenado pela AJNR diz respeito à Penazeites, de Penamacor, que vai criar uma unidade agrícola de produção de azeitona, após um investimento de 1,9 milhões de euros. Está prevista a implementação de 151 hectares de olival intensivo de regadio, com rega gota a gota e assente em variedades sobretudo regionais, como a Galega, Cobrançosa, Bical, Cordovil e Arbequina. O objectivo, como já acontece com a Greenbiz, será o de produzir azeite com Denominação de Origem Protegida (DOP). Está ainda prevista a criação de novos postos de trabalho, sendo que a unidade deverá estar a produzir em pleno em 2017.

Na área dos produtos lácteos foram agora contratualizados os projectos da empresa Henrique Santiago, de Castelo Branco, e de Joaquim Duarte Alves, de Soalheira. O primeiro prevê um investimento superior a 550 mil euros, prevê a relocalização da queijaria, modernização tecnológica e aumento da produção, de modo a conseguir integrar grandes redes de distribuição. A empresa Joaquim Duarte Alves prevê a expansão da actividade da empresa, através da construção de novas instalações fabris. O objectivo passa por entrar nas grandes redes de distribuição, mas também nas lojas especializadas em produtos regionais de grande qualidade. Visa ainda a melhoria do produto, aumentando o tempo de cura do queijo picante.

Novos projectos estão em execução

A AJNR coordenou também o relativo à modernização da actividade produtiva da empresa Manuel Rodrigues e Herdeiros, de Vila Velha de Ródão, que se dedica à fabricação de produtos à base de carne. O investimento ultrapassa 1,5 milhões de euros e visa aumentar a qualidade e quantidade dos produtos, o que obriga à expansão das instalações e aquisição de novos equipamentos. O projecto prevê o aumento do tempo de cura dos presuntos e a produção numa escala que permita responder às exigências da grande distribuição.

Além dos projectos referidos, a AJNR está ainda a coordenar a elaboração de outros dois na área do olival, também para a Beira Interior, bem como muitos outros, alguns de grande dimensão, para outras regiões do País. “O gabinete está especializado na elaboração de projectos agro-industriais em todo o País e também em projectos internacionais, para multinacionais”, refere.

Já em relação ao Proder, que nos dois primeiros anos não foi além de dois por cento de execução, António Realinho tem hoje uma perspectiva francamente positiva. “As perspectivas começam a ser boas. O actual ministro da Agricultura conseguiu ultrapassar bloqueios burocráticos e imprimir, em pouco tempo, uma forte dinâmica ao programa. A gestora do Proder, Graça Ventura, e a presidente do Ifap, Ana Paulino, têm sido excepcionais na procura de respostas às dificuldades. Assim se compreende que a região da Beira Interior esteja a receber projectos como nunca teve antes”, conclui.

Autor: José Júlio Cruz in jornal "A Reconquista"

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