segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Secretário de Estado avaliza regadio

Água no Meimão já não é uma miragem

A pretensão já vinha de há muitos anos. Meimão, encravado entre duas barragens, não tinha água para a rega. Um cenário que vai mudar. Dentro de dois anos o regadio está feito.
Foi com a expressão “fogo à peça” que o presidente da Câmara de Penamacor terminou o seu discurso, depois da assinatura do protocolo para a realização do regadio do Meimão, no concelho de Penamacor.
As palavras eram dirigidas a Francisco Campos, presidente da Junta que, na cerimónia, extravasou a satisfação de todos os residentes.
Esta era uma aspiração já antiga, que remonta à data da realização da Barragem do Meimão. Desde aí os problemas começaram, foram-se agravando e a pequena aldeia, encravada entre duas barragens, foi ficando sem água nos poços. Quem sofreu foi a agricultura e os produtores e chegou a ser anunciado o boicote às eleições, caso a situação não fosse resolvida. Mas, foi.
O secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e das Florestas, Ascenso Simões, deu o seu aval e afirmou peremptório que esta assinatura não se deveu a qualquer tipo de ameaça de boicote. Explica que, até 2015 vai ser desenvolvido o quadro nacional dos apoios para os diversos regadios, quer sejam nacionais ou tradicionais. “Só agora se inicia a abertura das candidaturas para o regadio tradicional. Este é um dos primeiros a ser aprovado pelo Quadro Comunitário”, frisa. E anuncia, a talhe de foice, que as obras finais do Regadio da Cova da Beira “já estão aprovadas e já estão em adjudicação para que possa ser terminado. Esta é uma forma de reforçar a capacidade instalada de fornecimento de água, para os agricultores do distrito de Castelo Branco terem mais capacidade concorrencial nos mercados agrícolas”, esclarece.
O presidente da Junta de Meimão lembra que, desde que tomou posse, que esta foi a sua maior batalha. Esgotou todas as hipóteses junto do Governo, chegando à realização de um abaixo-assinado.
“Hoje abre-se uma grande porta para se fazer justiça a esta gente. É um dia importante para a terra, onde só tivemos honras de Estado, aquando da inauguração do Quartel dos Bombeiros”, lembra.
E frisa que o Meimão foi extremamente penalizado porque os seus muitos e bons terrenos ficaram submersos pela barragem. Os problemas agravaram-se posteriormente, aquando da construção da outra barragem, a do Sabugal, “pelas infiltrações de cimento, que provocaram cortes nas nascentes que alimentavam os poços para rega”.
E concretiza que “muita água temos à vista, mas é apenas uma miragem”. Vai deixar de ser, porque no prazo máximo de dois anos este investimento de cerca de 500 mil euros vai estar concluído, como promete o secretário de Estado.
“O regadio é imprescindível para o desenvolvimento agrícola do Meimão e servirá como corredor ecológico na luta contra os incêndios para que este paraíso se mantenha verde”, concluiu Francisco Campos.
O presidente da Câmara reconheceu que esta era uma dádiva do governo para com a população de Meimão. Segundo ele, o projecto já existia há muito. Agora foram feitas as devidas correcções, sugeridas pela Direcção Regional e o processo avança. “é um montante para que possamos avançar com a obra e que daqui a algum tempo estejamos a dizer que cumprimos o que prometemos”, disse.
Domingos Torrão recordou que aquela população é “a mãe da água na região” e fez a alegoria com as casas de cada um. “Também gostaríamos de ter tudo ao mesmo tempo em nossas casas. Mas não é possível, vai-se fazendo, com sacrifício, muito trabalho e dedicação”.
O protocolo esteve para ser assinado aquando da deslocação de José Sócrates a Belmonte. No entanto, o autarca quis que essa cerimónia decorresse junto do povo. “Desde a primeira hora entendi que isto devia chegar mais próximo das populações e que o povo do Meimão devia ser testemunha deste acto”, frisou. E assim foi.
Destacando a importância da agricultura para o nosso país, o secretário de Estado diz que há dois factores essenciais para o seu sucesso: a energia e a água.
“O país tem, ainda, muita e boa água. Mas, temos feito pouco para conseguirmos ter essa água devidamente encanada, tratada e colocada ao serviço dos agricultores”, adiantou Ascenso Simões, garantindo que esse investimento está, agora, a ser feito.
“Os planos dedicados ao regadio tradicional são essenciais. São uma urgência e que temos obrigatoriamente que concretizar nos próximos anos”, terminou.
Na assinatura do protocolo esteve, também, Rui Moreira, director regional de Agricultura e Pescas do Centro, José Estevão, director Geral da Agricultura e Desenvolvimento Rural e o representante do Governo Civil, Armindo Taborda.

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