quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Missa celebrada pelo Bispo da Guarda marca reabertura

A jóia da coroa volta a brilhar

Depois da recuperação da talha dourada da Igreja de Santo António, a Misericórdia de Penamacor quer parceiros para fazer obras no convento.

A Igreja de Santo António em Penamacor está de regresso à época dourada. Sete anos depois da assinatura do protocolo para a sua recuperação, o monumento abriu portas depois de um restauro longo e complexo que o pároco de Penamacor, Manuel Toscano, apelida de “milagre”. A talha dourada que caracteriza o templo estava a definhar, o que obrigou a equipa de restauro a trabalhar com pinças.

A Junqueira 220 - a empresa de Lisboa responsável pelo restauro – deparou-se com um pouco de tudo: da madeira podre a térmitas, de pinturas sumidas a outras completamente perdidas. A pintura que ainda resistia também não estava melhor e isso verificou-se no inicio dos trabalhos de restauro puro e duro, que tiveram lugar entre Abril de 2005 e Julho de 2006.

“Nós tínhamos de ter um cuidado enorme para não caírem mais bocadinhos”, conta Carmen Almada em relação ao altar-mor, de onde no último sábado o Bispo da Guarda celebrou missa num cenário agora bem diferente.

D. Manuel Felício foi um dos convidados de honra, a par do ministro dos Assuntos Parlamentares Augusto Santos Silva e do secretário de Estado da Educação, o penamacorense Valter Lemos. Foram eles que em 2002 estiveram na origem do acordo que permitiu a recuperação da igreja, o primeiro enquanto ministro da Cultura e o segundo como provedor da Misericórdia de Penamacor.

Augusto Santos Silva elogia a “grande qualidade” do restauro, que na sua opinião era “absolutamente indispensável e essencial visto que esta é uma das melhores obras de arte que o Interior tem”. Valter Lemos entra no campo dos adjectivos classificando a igreja de “ex-líbris” e o “monumento mais simbólico e representativo de Penamacor”.

O trabalho de restauro da talha dourada do altar-mor, nave central, coro e da sacristia durou cerca de 15 meses, mas entre este decorreram outros trabalhos de recuperação do telhado da igreja e de escavações arqueológicas.

A espera é para o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Penamacor um assunto que pertence ao passado. “O importante é que estamos aqui dentro de uma igreja que deve ser visitada por todos e que teve uma recuperação magnífica”, diz João Cunha.

Portas abertas ao culto e turismo

A recuperação da Igreja de Santo António é apenas o encerrar de um capítulo. Mesmo ao lado o convento dá sinais de necessidade de uma intervenção que o provedor da Misericórdia penamacorense diz ser “urgente”. A substituição de portas, janelas e o reboco são algumas das intervenções já identificadas e que tal como o restauro da igreja aguardam por parcerias, já que a Misericórdia diz não ter capacidade financeira para levar avante os trabalhos.

Outra preocupação de João Cunha é que a igreja agora recuperada não fique fechada, abrindo ao culto religioso e ao turismo. Neste último caso espera-se o apoio da câmara municipal, que não fecha a porta.

“Da minha parte e da câmara municipal há disponibilidade total para encararmos a melhor forma de em conjunto com a Santa Casa termos alguém que possa não só abrir a porta mas fazer uma explicação de todo o historial”, referiu o presidente Domingos Torrão na reabertura da igreja, que foi pequena face à curiosidade da população.


Autor: José Furtado in jornal "A Reconquista"

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