Câmara de Penamacor encerrou o ano passado com uma dívida de cerca de 8,5 milhões de euros, herdada do anterior executivo. O actual, decidiu assumir a dívida, não reflectida na contabilidade, à empresa Águas do Zêzere e Côa, aumentando para mais de 10 milhões o passivo do município. António Beites diz que está na hora de “encarar de frente o problema”, vereador da oposição fala em câmara “quase insolvente”.
Segundo o edil penamacorense, o maior problema referente às contas diz respeito ao litígio entre os municípios e a empresa Águas do Zêzere e Côa “a dívida não foi assumida, foi acumulando e chegou a um ponto que não há volta a dar, a dívida tem que ser assumida, liquidada, os encargos que a empresa apresenta aos municípios, só de juros de mora, são incalculáveis, e está na hora de estes assuntos serem encarados com frontalidade e serem resolvidos”. António Beites acredita que está para breve o acordo entre os municípios e a empresa e espera que o processo negocial esteja concluído antes da assembleia geral de accionistas marcada para 24 de Abril.
Apesar da dívida não declarada não ser surpresa, Vítor Gabriel não esconde a preocupação “quando nos parecia que a situação desta autarquia tinha melhorado ligeiramente nos últimos anos, temos agora esta notícia, embora já adivinhássemos, que era necessário carregar mais uma fatia significativa superior a 1,5 milhão de euros, estamos a falar de uma dívida global de mais de 10 milhões de euros, com estes números a autarquia está numa situação de quase insolvência”.
Para resolver a situação, a maioria equaciona recorrer a uma operação de saneamento financeiro que transforme a dívida de curto em médio e longo prazo, já que este foi o principal problema detectado pela auditoria realizada às contas do município “Penamacor tem um problema estrutural, 60 a 70% é dívida de curto prazo, é dívida a três anos, é claro que isso vai colocar aqui muitas dificuldades financeiras no acesso ao quadro comunitário, não queremos aumentar a dívida do município, o que está em causa é uma operação de saneamento financeira de transpor o nosso curto para médio e longo prazo”.
Para já, as contas de 2013, foram aprovadas por maioria com o voto contra do único vereador da oposição presente. Vítor Gabriel diz que as contas reflectem a má gestão do anterior executivo, mas o actual, também não pode descartar responsabilidades “uns por terem participado no anterior executivo, outros porque, indirectamente, nos momentos certos, de aprovação dos documentos, não quiseram dizer não a essa política, e o resultado está aqui”. Na resposta António Beites diz que enquanto foi presidente de junta sempre colocou em primeiro lugar os interesses da população de Benquerença, recordando que o seu voto foi o único contra quando na assembleia municipal foi votada a adesão do município de Penamacor ao sistema multimunicipal Águas do Zêzere e Côa.
O autarca diz que durante este meio ano já foi possível reduzir a dívida em um milhão de euros e que o resultado líquido positivo das contas de 2013, superior a dois milhões de euros, será para pagar parte da dívida à empresa Águas do Zêzere e Côa.
Autora: Paula Brito in "Rádio Cova da Beira"
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