Os
concelhos que têm taxas de escolarização mais elevadas são os que evoluíram
mais, conclui um estudo do Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova
de Lisboa.
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Os dados, que se
reportam ao abandono escolar e à escolarização em Portugal, entre 1991 e 2011,
constam do "Atlas da Educação", um trabalho que está a ser realizado pelo
Cesnova - Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa, e que
vai ser apresentado hoje na 3.ª Conferência Empresários Pela Inclusão Social
(EPIS) - Escolas de Futuro: Dar Esperança a Todos os Jovens.
O estudo demonstra, segundo o coordenador, David Justino, que "os concelhos que, geralmente, têm taxas de escolarização mais elevadas são aqueles que evoluíram mais, em especial as zonas da periferia das grandes cidades, nomeadamente Lisboa e Porto". Contudo, o ex-ministro da Educação realçou o progresso "excecional" das regiões do Vale do Ave, do Vale do Sousa e do Baixo Douro, "que eram conhecidas há 20 anos, por terem elevadas taxas de abandono escolar, muito relacionadas com a inserção precoce no mercado de trabalho, com o trabalho infantil". Os primeiros dados do "Atlas da Educação", baseados nos censos populacionais, confirmam que Portugal teve "algum sucesso" na redução do abandono escolar e no aumento da escolarização média. David Justino, consultor da Casa Civil da Presidência da República para os Assuntos Sociais, salientou que o abandono escolar "é quase residual" entre as crianças dos 10 aos 15 anos, que deixaram a escola sem o 3.º ciclo do ensino básico completo, incluindo os que nunca o frequentaram, tendo a taxa caído de 12,6%, em 1991, para 1,7%, em 2011. Mesmo assim, Gavião (4,97%), São Vicente (4,88%) e Idanha-a-Nova (4,68%) são três dos 25 municípios que apresentavam, em 2011, a mais elevada taxa de abandono nos nove anos de escolaridade, então obrigatórios, superando a média (1,7%). Já a Golegã (0,31%), Vouzela (0,31%) e Cadaval (0,36%) são os três de 25 concelhos com melhores índices. Quanto ao abandono escolar nos jovens, entre os 18 e os 24 anos, que saíram da escola sem o secundário completo, incluindo os que nunca o frequentaram, a taxa "é elevada", de acordo com o coordenador do estudo, não obstante ter diminuído "praticamente num terço", de 63,7%, em 1991, para 27,1%, em 2011. Corvo (59,09%), Ribeira Grande (56,02%) e Lagoa (52,40%) lideram a lista dos 25 concelhos que, em 2011, tinham a taxa de abandono escolar no secundário mais alta, ultrapassando a média (27,1%). "Estamos entre os países da Europa com as mais elevadas taxas (...), mas conseguimos progredir mais do que a Espanha", assinalou David Justino, ressalvando que indicadores mais recentes apontam para uma taxa de abandono escolar, no secundário, de 20%. A conclusão do ensino secundário, até ao 12.º ano, passou a ser obrigatória, para todos os alunos, apenas este ano letivo. O mesmo estudo sublinha que, em 20 anos, a escolarização média aumentou de 4,6 anos, em 1991, para 7,4 anos, em 2011. Ainda assim, há dois anos, 25 concelhos, incluindo Pampilhosa da Serra (4,58), Penamacor (4,75) e Idanha-a-Nova (4,77) ficavam abaixo da média (7,4 anos escolares). Em contrapartida, Oeiras (10,00), Lisboa (9,59) e Cascais (9,50) situavam-se acima da média de escolarização. Para o ex-ministro, a progressão da escolarização da população "tem tido especial expressão na geração dos pais das crianças que estão agora no sistema de ensino", sendo a das mulheres um "fator positivo potenciador do sucesso escolar". David Justino crê que, não obstante os atuais "constrangimentos sociais de pobreza", decorrentes da crise económica e social em que o país vive, é possível o sistema educativo (pais, escolas e professores) "capacitar" os jovens para que "possam criar as suas oportunidades". No entanto, o docente lembrou que "o ritmo de mudança e qualificação na educação é lento, é um ritmo de gerações, não é um ritmo de governos, de eleições", recomendando a Portugal ter "uma paciência ativa, a não parar e a definir objetivos". Na próxima fase do estudo, o Cesnova vai procurar definir os indicadores de desenvolvimento educativo e os indicadores sociais e de risco de insucesso escolar, relacionado este com os níveis de abandono e escolarização. A associação EPIS lançou um manual de boas práticas de gestão escolar e criou a Rede Nacional para a Capacitação para o Sucesso Escolar, que abrange 16 concelhos, incluindo Pampilhosa da Serra, com pior índice de escolarização, numa lista de 25 municípios. |
sexta-feira, 15 de março de 2013
Estudo conclui que concelhos com escolarização mais elevada evoluíram mais
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