Apicultura está a receber sangue novo
Na Malcata e no Tejo Internacional estão a
instalar-se dezenas de novos apicultores com projetos empresariais para a
produção do mel.
A APICULTURA está a crescer na região. As três
associações que gerem as zonas controladas no distrito de Castelo Branco
falam de um “crescimento na produção de mel” e de “um aumento do número
de apicultores”. Seja para dar gosto ao gosto, seja por um objetivo de
comercialização, a existência de infraestruturas de extração do mel na
região, localizadas em Penamacor, gerida pela Meimocoop, Castelo Branco
(a abrir brevemente), gerida pela Melgatus, e no Fundão, pela Pinus
Verde, tornam possível transformar esta atividade amadora num projeto
cada vez mais empresarial.
Luís Moreira, um jovem de 28 anos, licenciado em
Engenharia Florestal é um desses casos. Desde pequeno que acompanha o
pai, Carlos Moreira, apicultor há 30 anos, no trabalho da produção de
mel em Alfrivída, no concelho de Vila Velha de Ródão. Começou por ter
meia dúzida de cortiços mas hoje tem perto da aldeia 30 colmeias cujo
mel serve para consumo doméstico e para oferecer a familiares e amigos.
O trabalho do apicultor é diário e não apenas por
altura da extração do mel, de maio a setembro, quando as abelhas mais
trabalham. “Não é só nestes meses que se tem mais trabalho. No resto do
ano é preciso alimentar as abelhas, porque existem menos flores”, conta
Carlos Moreira. O alimento resume-se a mel, a polen ou açúcar que
permite que a colmeia não morra.
A atividade vai ter continuidade com o filho. “É
um rapaz que me acompanha desde os oito anitos e gosto de ver que ele
gosta disto”, diz com orgulho.
Luís Moreira prepara-se para aumentar a produção
de mel graças a um projeto que conta com apoio do Proder. O investimento
que ronda os 80 mil euros prevê o aumento da capacidade de produção de
30 colmeias de uma produção de 200 quilos de mel para 330 colmeias,
cerca de seis toneladas ao ano, em Perais. O jovem apicultor vai
dedicar-se à atividade nas horas vagas e manter o trabalho em Vila Velha
de Ródão. “Desde pequenino que ando em roda das abelhas. Espero fazer
algum dinheiro com isto”, explica. A comercialização do mel é uma aposta
de futuro. “O nosso mel é muito procurado, conto com o apoio da
Meltagus nesta questão da venda”, reforça. O facto da Câmara de Castelo
Branco ter construído a central meleira está a ser decisivo no aumento
de efetivos de colmeias por parte dos associados da Meltagus –
Associação de Apicultores do Tejo Internacional, com a maior zona de
influência do país e que corresponde a Castelo Branco, Vila Velha de
Ródão e Idanha-a-Nova, onde estão instalados cerca de 190 apicultores do
norte a sul do país.
A associação criada em 2004 começou por ter
quatro sócios, no último ano a associação duplicou o número de
associados. A abertura da central meleira, construída pela autarquia
albicastrense, que se tornará na maior do país em capacidade de produção
e de avanço tecnológico, a realização de ações de formação, parcerias
estabelecidas com a Escola Superior Agrária e o Inovcluster “criaram as
condições para que a apicultura esteja a florescer na região”, sublinha
Nelson Antunes, presidente da Meltagus, que tem tentado trazer “sangue
novo” para a apicultura. “No último ano instalaram-se 14 novos
produtores no concelho, é já um dado significativo”, acrescenta,
confiante de que Castelo Branco está a ”mostrar cartas ao país de como
se deve apoiar a agricultura”. A central meleira tem capacidade para uma
produção diária de 15 toneladas de mel, possui zonas de extração, de
embalamento, laboratórios e um espaço didático para visitas de estudo,
num investimento de 500 mil euros da Câmara.
O percurso que se segue é do criar canais de
comercialização do mel produzido na região, o que será possível através
da união dos produtores. “Temos a vantagem da desertificação do
Interior, onde pode ser produzido um mel bastante procurado no
estrangeiro que é o mel de lanvada (rosmaninho). Mas o mercado externo
procura grandes quantidades e para respondermos, só através da união dos
vários produtores que começam a surgir”, finaliza o dirigente.
Na zona controlada gerida pela Meltagus, a maior
do país em área territorial, produz-se, em média, 220 toneladas de mel.
Nos próximos anos esta média vai subir porque os produtores instalados
estão a aumentar a sua capacidade e outros agricultores estão a instalar
projetos neste território. “Há oito anos quase ninguém fazia o registo
desta atividade”, observa Nelson Antunes que acredita existirem “cinco a
seis mil colmeias que estão nesta situação”.
(Leia toda a reportagem na edição semanal)
Por:
Célia Domingues in "Jornal do Fundão"
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