quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Felino é destaque em nova exposição


Lince renasce no museu de Penamacor

O símbolo da Serra da Malcata é uma das atracções da exposição Quadros da Fauna Local, patente no Museu Municipal. O espaço continua à espera de financiamento para a ampliação.

Se quer ver um lince em Penamacor não vá à Serra da Malcata. Pelo menos para já. O destino ideal é o Museu Municipal, onde o felino mais ameaçado do mundo é o protagonista de um novo espaço. É certo que o lince está embalsamado e até já fazia parte da colecção, mas agora merece um novo olhar dos visitantes através da exposição Quadros da Fauna Local.

Este e outros animais encontravam-se expostos há vários anos nas vitrinas de um corredor do museu, por onde Joaquim Nabais passava amiúde. O técnico do gabinete cultural da Câmara Municipal de Penamacor lembrou-se então de “retirar a passarada da vitrina”, encontrado novo poiso numa das salas que acolhia parte da colecção de alfaias e outros instrumentos ligados à vida rural.

O espaço não era muito, mas o problema foi ultrapassado de forma engenhosa, com a instalação de troncos e ramos de árvore que foram suspensos no tecto e onde os pássaros da vitrina estão agora pousados. Na base vivem mamíferos como o lobo, o furão ou a raposa.

Na parede as atenções viram-se para as montras onde se encontram o lince-ibérico mas também a lontra, o coelho ou a perdiz, que surgem enquadrados pelas paisagens naturais que Joaquim Nabais desenhou e pintou.

“Não tinha a certeza absoluta que ia sair bem”, diz o técnico municipal, que ganhou calo no teatro em trabalhos de cenografia. Ao longe as paisagens até parecem fotografias, mas a parecença cai por terra com o aproximar do olhar.

Ilídia Cruchinho, a vereadora com o pelouro da Cultura em Penamacor, afirma que o museu tinha exemplares “interessantes e que caracterizavam bem toda esta região”, razão pela qual mereciam um espaço mais cuidado, de forma a chamar a atenção dos visitantes. O que tem sido conseguido, apesar de o Museu Municipal de Penamacor sofrer há vários anos com a falta de espaço.

Durante anos a ampliação esteve dependente em parte da mudança da vizinha tesouraria e repartição de finanças para outro local, o que já aconteceu no ano passado.

“A ampliação do museu, no que diz respeito ao espaço, não é problema, mas estes projectos precisam de financiamento. Não é só abrir uma porta ou duas e fazer uma ligação”, explica Ilídia Cruchinho. A vereadora diz que o projecto para a ampliação existe, mas ainda não foi conseguido o financiamento. O espólio, esse, “é imenso” e está sempre à espera de uma visita.

O Museu Municipal de Penamacor nasceu em 1949, mas só em 1982 ganhou dimensão, com a reestruturação levada a cabo por Aristides Galhardo Mota. A ampliação do espaço era uma das ambições daquele que foi o principal responsável pelo museu até ao fim da vida, que terminou em 2008 sem ver o desejo cumprido.

Autor: José Furtado in jornal "A Reconquista"

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