Ainda há albufeiras na Beira Interior a meio da sua capacidade

Maior barragem da Beira Interior (a do Sabugal) encontra-se a 65% da sua capacidade, mas a das Penhas na Serra da Estrela ficou cheia a 27 de Dezembro. Mais a sul, a Marateca continua a encher.

AS CHUVAS intensas que têm caído, desde há cerca de um mês, provocaram uma subida acentuada nas reservas hídricas, mas na Beira Interior continua a haver albufeiras que estão longe de atingir a sua capacidade total de armazenamento. É o caso da Barragem do Sabugal, que é a maior albufeira da Beira Interior, com uma capacidade útil de 114 milhões de metros cúbicos de água.
De acordo com dados disponibilizados no site do Instituto da Água, a Albufeira do Sabugal, cujas reservas se destinam ao Regadio da Cova da Beira e ao abastecimento de água (de Figueira de Castelo Rodrigo, Almeida, Sabugal, Belmonte, algumas freguesias da Guarda e Vale de Senhora da Póvoa, em Penamacor) e que, em Novembro último, se encontrava a cerca de 65% da sua capacidade. Depois das fortes chuvadas, o nível da água terá subido, mas a verdade é que não há dados actualizados sobre a capacidade de armazenamento da referida barragem.
Diferente é a situação da Barragem das Penhas na Serra da Estrela e que, de acordo com José Calmeiro, das “Águas da Covilhã”, atingiu a sua capacidade máxima no dia 27 de Dezembro, mais tarde, aliás, do que é hábito em invernos de pluviosidade considerada normal. “É um ano muito melhor do que os anteriores”, conclui José Calmeiro, acrescentando que as barragens estão a ficar cheias.

Barragens cheias

Com a sua capacidade esgotada encontram-se, também, as barragens do Penêdo Redondo, do Pisco e Penha Garcia, na zona sul do distrito de Castelo Branco, confirmou ao JF Sónia Mexia da empresa “Águas do Centro”. O mesmo não pode dizer-se da Barragem da Marateca, que abastece Castelo Branco e parte de Idanha, e que está a cerca de 70%, podendo continuar a receber água até atingir os cerca de 37 milhões de metros cúbicos que constituem a sua capacidade útil.
A diferença dos números justifica-se a partir das especificidades das albufeiras: “A Marateca tem uma bacia muito grande e o nível de água encontrava-se realmente muito abaixo da sua capacidade total”, refere a técnica das Águas do Centro. Ainda no distrito de Castelo Branco, a Barragem da Idanha encontra-se, segundo o Instituto da Água a cerca de 60% da sua capacidade. Depois de três anos particularmente secos, a chuva que caiu ainda não é suficiente para repor integralmente as reservas hídricas. Só quando os solos ficam saturados a água começa a escorrer para os cursos de água. As primeiras semanas de chuva foram absorvidas por solos, que se encontravam extremamente secos e só depois começaram a encher as barragens, explica António Alçada da empresa Águas do Zêzere e Côa, sublinhando, no entanto, que 2009 foi, efectivamente, o ano de maior precipitação desde 2006.
No raio de acção das Águas do Zêzere e Côa a Barragem da Meimoa, que abastece Penamacor e serve de reserva ao Fundão, é a que se encontra em piores condições, do ponto de vista das reservas armazenadas. “Encontra-se abaixo da média, a cerca de 50% da sua capacidade”. As características do solo da zona envolvente à Barragem ajudam a perceber os números: “A área que serve a barragem é muito extensa e só depois de os solos ficarem saturados a água começa a chegar à barragem”, refere António Alçada das “Águas do Zêzere e Côa”, recordando que “estávamos a viver uma seca preocupante”.
Finalmente, a Barragem do Caldeirão que abastece a Guarda e Pinhel Sul “encontra-se acima da média relativamente aos anos anteriores com 61,1 de reservas acumuladas. “Como se localiza numa zona mais rochosa, há menor infiltração e a água escorre mais rapidamente para a albufeira”, explica aquele responsável. Das 56 albufeiras monitorizadas, a nível nacional, 24 apresentavam em Dezembro, disponibilidades hídricas superiores a 80% da capacidade total e apenas onze estavam abaixo dos 40 por cento.

Autora: Lúcia Reis in "Jornal do Fundão"