terça-feira, 9 de abril de 2013

IPCB edita publicações sobre as três raças de pequenos ruminantes com solar de origem na Beira Baixa

O IPCB acaba de editar três publicações técnicas sobre as três raças de pequenos ruminantes com solar de origem na Beira Baixa - Raça Caprina Charnequeira - Ecotipo Beiroa, Raça Ovina Merino da Beira Baixa e Raça Ovina Churra do Campo. As publicações, da autoria do docente do IPCB/ Escola Superior Agrária Carlos Rebello de Andrade, serão lançadas na Sessão de Inauguração da III Agro-Agrária, que se realiza de 13 a 16 de abril.

IPCB edita publicações sobre as três raças de pequenos ruminantes com solar de origem na Beira Baixa

Para o autor, o estudo efetuado sobre as caraterísticas das raças tem como um dos objetivos preservar o património genético das três raças de pequenos ruminantes com solar de origem na Beira Baixa.

Relativamente aos animais da Raça Caprina Charnequeira - Ecotipo Beiroa, o investigador refere que “face ao grande incremento na produção de leite de ovelha e à grande concorrência dos produtos derivados dele há uma crescente procura de leite de cabra, pela facilidade de escoamento dos queijos tradicionais, que não tem sido acompanhada pela oferta. Além disso, a possibilidade de ser consumido quer em natureza quer transformado em diversos produtos catalogados como dietéticos dá-lhe acesso a um mercado mais variado e abrangente que o de leite de ovelha”.

Carlos Andrade diz ainda que “em termos de produtos de qualidade o leite de cabra pode ser usado no fabrico do Queijo à “Cabreira” de Castelo Branco (Amarelo e Picante). Estes queijos têm Denominação de Origem Protegida (DOP). Para a carne temos o “Cabrito da Beira” como produto de Indicação Geográfica de Proveniência (IGP) indexado a cabritos das raças Charnequeira e Serrana abatidos entre os 40 e 45 dias”.

Já quanto ao Merino da Beira Baixa, o investigador adianta que “a produção de ovinos leiteiros na Beira Baixa pelos seus produtos de qualidade e Organizações de Produtores existentes, com agressividade no mercado, continuará a sua senda de progresso. A raça Merino da Beira Baixa, até pelo facto da DOP não estar afeta ao leite que produz, está vocacionada para sobreviver como animal adaptado aos sistemas mais extensivos e pobres, como opção de ocupação de áreas que não são próprias para culturas de rendimento e, onde as raças exóticas (alta produção) não são capazes de sobreviver por não estarem adaptadas ao pastoreio de percurso”.

Na região da Beira Baixa, produzem-se vários tipos de queijo de ovelha ou de mistura com leite de cabra, dos quais o mais afamado é o queijo à ovelheira denominado “Queijo de Castelo Branco”, um queijo de pasta mole, mesmo amanteigado, muito saboroso, idêntico ao da Serra da Estrela, com o qual se pode confundir. Dentro dos queijos feitos à cabreira temos o “Amarelo” e o “Picante” da Beira Baixa. Como produto IGP existe também o “Borrego da Beira”.

Já quanto à raça ovina Churra do Campo, dada como extinta em 2004 e recuperada a partir de 2007 pela Câmara Municipal de Penamacor em colaboração com o IPCB/ESA, através do Projeto Transfronteiriço (INTERREG III – Rotas da Transumância), Carlos Andrade, que é também o Secretário técnico responsável pelo livro genealógico da raça, refere que “o efetivo atual é de 261 fêmeas e 17 machos divididos por seis explorações”.

Face à inexistência de quaisquer dados relativos ao efetivo atual, no âmbito do PRODER, foi feita uma caraterização global do efetivo, informação que deu origem à publicação agora editada.

Relativamente aos queijos e borregos da Raça Churra do Campo, o autor afirma que têm o mesmo enquadramento que o Merino da Beira Baixa.

Carlos Rebello de Andrade é engenheiro Zootécnico e tem desenvolvido a sua atividade principal na área dos pequenos ruminantes.  

 

In CiênciaPT

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