“Pessoas deixarão Justiça”
A possibilidade de ficar sem tribunal está a deixar a população de Penamacor revoltada. O município raiano é um dos abrangidos pela reforma do mapa judiciário, que prevê o encerramento de tribunais com menos de 250 processos por ano.
Domingos Torrão, presidente da câmara, é "frontalmente contra" a decisão do Ministério da Justiça e espera "sensibilizar" a ministra a "mudar a decisão", tanto mais que o número de processos é superior ao exigido. Para o autarca, manter a situação em que um magistrado do tribunal de Idanha-a-Nova se desloca a Penamacor um dia por semana "é preferível a encerrar o serviço".
Opinião partilhada por Manuel Marques, secretário do tribunal: "o encerramento vai contribuir para acentuar a desertificação da região. Atrás deste fecho poderão ir outros serviços".
Manuel Jesus, de 73 anos, reformado, acredita que, com a passagem do tribunal para Idanha-a-Nova, a 35 quilómetros, "muita gente vai deixar de recorrer à Justiça, porque não há transportes públicos, nem dinheiro para os táxis".
José Aníbal, de 61 anos, funcionário público, teme que o encerramento seja "mais uma machadada nas aspirações das gentes do Interior". Qualquer dia, ironiza, "a região não passará de uma grande reserva de caça para os senhores do Litoral". Na Beira Interior são seis os tribunais que devem encerrar.
Autor: Alexandre Salgueiro in "Correio da Manhã"
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