quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Na Beira, o Pai Natal vai ter de safar-se às escuras

As Câmaras, em aperto financeiro, vão cortar nas iluminações de Natal. É a crise visível por omissão... de luz. Fundão não deve ter nada e a Guarda cortou tudo. Covilhã e Castelo Branco vão reduzir

ALGUMAS vilas e cidades da região só poderão mesmo contar com um eventual nevão para as ruas terem um cheirinho a Natal. De resto, luzinhas e estrelinhas luminosas foram demitidas do espaço urbano, tudo a bem da saúde da conta de electricidade das autarquias, bem como do restante orçamento que acarinha decorações natalícias, cujo aluguer e instalação custam milhares de euros.

Eis, portanto, um roteiro pouco luminoso da situação:


Fundão: Ou pouco... ou nada

Na cidade do Fundão, a alternativa é entre o pouco e o nada. Se a autarquia conseguir, em conjunto com a Associação Comercial e Industrial do concelho, inscrever uma verba para o efeito no programa Polis, haverá luzes de Natal, mas apenas na Praça do Município e... pouco mais. Se tal objectivo não for alcançado, não há luzes de Natal. Ponto final. Simples.

Já o tradicional jantar de Natal com os funcionários da autarquia também será substituído por um “lanche-convívio”, o que se traduz numa nova redução de encargos. Apesar de tudo, foi garantido ao JF que será um evento “com dignidade”. As tradicionais lembranças que eram oferecidas, também vão ser substituídas por uns económicos vouchers para os funcionários poderem aceder gratuitamente a vários equipamentos municipais.

A Câmara Municipal do Fundão gastou, em 2009, cerca de 50 mil euros com a iluminação de Natal.


Covilhã com menos luzes

A Câmara da Covilhã vai manter as iluminações natalícias mas face à necessidade de haver restrições financeiras, decidiu cortar substancialmente nos custos e adornar menos ruas. Recorde-se que no ano passado a adjudicação do aluguer de ornamentação de Natal, à firma Bernardino Castro - Serviços Festivos, Ld.ª, representou um investimento de 59.250 euros. Num quadro de crise que, pelos vistos, tende a agravar-se, a autarquia vai gastar, este Natal, menos de metade da verba orçamentada em 2009. É caso para dizer que este ano haverá um ‘apagão’ natalício em muitas ruas da cidade uma vez que apenas a praça do Pelourinho e as artérias confinantes serão contempladas com as tradicionais iluminações que, em boa verdade, tinham merecido a aprovação e eram do agrado, pelo menos, da grande maioria dos covilhanenses. Ou seja, as ruas darão menos brilho e cor a um comércio que há muito se vem lamentando de viver na ‘escuridão’.

Tudo em nome das medidas de racionalização de recursos financeiros.


Guarda sem iluminação

A contenção de despesas vai levar a que a cidade da Guarda fique sem iluminação de Natal este ano, mas a Câmara Municipal associou-se a instituições do concelho e promete acções de animação e de promoção do comércio tradicional.

Segundo a vereadora Elsa Fernandes, responsável pelo pelouro do turismo e da acção social na Câmara da Guarda, este ano, a autarquia decidiu não instalar luzes de Natal nas principais ruas do centro da cidade “por uma questão financeira”.

Justificou que, devido à necessidade de reduzir despesas, o executivo autárquico optou por não instalar iluminação natalícia “porque não iria ter capacidade financeira para fazer uma iluminação como a cidade merece”.

Foi também decidido não realizar o espectáculo que, tradicionalmente, era oferecido às crianças das escolas de todo o concelho, indicou.

Com a decisão, a autarquia vai poupar cerca de 90 mil euros, uma vez que, em anos anteriores, costumava gastar 100 mil euros, referiu Elsa Fernandes, indicando que foi elaborado um programa, em colaboração com outras entidades, onde apenas gastará nove mil euros.

A Praça Luís de Camões, junto da Sé Catedral, “será palco de árvores de Natal decoradas com desejos dos cidadãos” e ali será também instalado um presépio tradicional e funcionará a “oficina do Pai Natal”.


Penamacor ilumina uma rua

O Natal na vila de Penamacor não vai ser às escuras, mas seguirá a tendência dos últimos anos que consiste em gastar menos com a quadra natalícia. A Câmara, presidida por Domingos Torrão, começou há três anos a reduzir a despesa com a iluminação natalícia, no quadro de uma política de contenção que continuará a fazer cortes este ano. “Estamos a reduzir a despesa há três anos. Em 2001, gastámos cerca de 26 mil euros com o Natal, em 2008 gastámos 7 mil e 500 euros e este ano gastaremos ainda menos”, disse ao JF o presidente da Câmara, informando que apenas na Rua 25 de Abril terá iluminação Natal até ao Madeiro, que, recorde-se, é um dos maiores da região. A contenção da despesa associada ao Natal acabou com o tradicional jantar natalício ainda antes de se instalar a crise. “No ano passado, optámos por oferecer um bolo rei e uma garrafa de champagne”, recorda Domingos Torrão.


Castelo Branco reduz

Castelo Branco quer reduzir os gastos com consumo de electricidade neste Natal. Assim, a solução não passa propriamente por reduzir a área com iluminação natalícia mas sim menos luzes colocadas. Em 2009 a autarquia albicastrense adquiriu todo um equipamento de iluminação natalícia, pelo que desse ano que os gastos se resumem aos consumos de energia. A colocação das estruturas é feita pelos funcionários da câmara. “Este ano vamos fazer a mesma coisa, mas vamos diminuir a quantidade de lâmpadas”, explica Joaquim Morão. As duas principais avenidas, a 1.º de Maio e Nuno Álvares, para além da Praça do Município, voltarão a estar animadas com os arcos de figuras de Natal.


Idanha a meio-gás

Em Idanha-a-Nova a autarquia anuncia uma redução de custos em mais de 50 por cento do que tem sido habitual com a iluminação de Natal. Os enfeites serão colocados junto à Igreja Matriz e capelas da vila, onde se realizam as tradicionais fogueiras de Natal, e à Praça do Município. A decisão e custos com a colocação da iluminação nas sede de freguesias está entregues à juntas. “Esperamos gastar menos 50 por cento do que em outros anos. Não esperamos ultrapassar os 20 mil euros de custos”, explica Álvaro Rocha, presidente da Câmara, justificando-se com as medidas de austeridade que também atinge o Poder Local. ”Se não estamos, temos de diminuir os custos com a despesa”, diz.


Vila Velha de Ródão repete

Vila Velha de Ródão reduziu “ao mínimo” os custos com a iluminação de Natal no ano passado, pelo que este ano o sistema que vai ser implementado será o mesmo. Os enfeites são desenhados e concebidos pelos técnicos da autarquia. A área a iluminar compreende as várias entradas para a vila e o edifício da Câmara. A tarefa de iluminar o resto da vila é entregue aos habitantes. “A Câmara disponibiliza de há dois anos para cá enfeites e lâmpadas de Natal para os comerciantes poderem enfeitar as suas montras e as pessoas as suas casas. O material pode ser levantado na Casa de Artes e depois é entregue no final da época”, afirma Maria do Carmo Sequeira, presidente da câmara local. “Os gastos compreende o mínimo possível, por algum material que possa ser adquirido pontualmente, mas nada de significativo”, garante.

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