Gabriel é o segundo filho de Vítor e Susana, residentes em Penamacor. O outro filho, Alexandre, tem 9 anos.
CM revela os rostos e as histórias dos bebés nascidos esta semana nos concelhos de mais baixa taxa de natalidade.
"O meu sonho é que os meus filhos ajudem a desenvolver este concelho", afirma, com orgulho, Vítor Pombo, de 28 anos, que no dia 22 de Março foi pai pela segunda vez. O bebé, Gabriel Pombo, nasceu com 3,510 quilogramas no Hospital Amato Lusitano, Castelo Branco, e juntou-se ao irmão Alexandre, com 9 anos.
O operário da construção civil admite que o concelho de Penamacor, na zona raiana da Beira Baixa, pode ter o futuro em risco "porque cada vez há menos oportunidades no Interior do País". Apesar dos aspectos negativos da desertificação, o nascimento de Gabriel renovou o optimismo da família Pombo.
"Investimos aqui a nossa vida e vamos continuar a batalhar para que a nossa terra possa dar melhores condições aos nossos filhos", observa Vítor Pombo. Em relação a escolas e serviços de saúde, considera que "o concelho está bem servido e isso já é positivo". Por outro lado, defende que "crescer na província é mais saudável do que nos centros urbanos. Acredito que as crianças de Penamacor até têm mais qualidade de vida do que as das grandes cidades".
Numa vila de população envelhecida e onde toda a gente se conhece, "os nascimentos são encarados pelas pessoas quase como uma festa pública", comenta Vítor Pombo, que oito dias depois do nascimento do segundo filho, continua a ser felicitado por toda a gente com quem se cruza nas ruas de Penamacor.
O Gabriel nasceu às 12h22, do passado dia 22 de Março, após um parto repleto de complicações do qual resultou o colapso de um pulmão da mãe. "Foi muito difícil, mas valeu a pena porque ser mãe é uma coisa incrível. Estou muito feliz", diz, orgulhosa, a mãe Susana Anjos, de 33 anos, funcionária de um lar de terceira idade. E deixa uma mensagem de optimismo: "Apesar das muitas dificuldades é possível ter um bom futuro nas regiões do Interior."
"FECHARAM TODAS AS ESCOLAS PRIMÁRIAS NAS ALDEIAS"
Foi preciso esperar três meses para haver notícia, este ano, de um nascimento no concelho de Vila Velha de Ródão. Foi Martim Pires Duarte Ribeiro, que nasceu no dia 23 de Março, quem inaugurou o registo. É o primeiro filho de Sandra Pires e Telmo Gonçalo, ambos de 31 anos.
"Há poucas crianças. Fecharam todas as escolas primárias nas aldeias. Está tudo concentrado na sede de concelho. Temos duas creches, com vagas, mas não há crianças", relata Sandra Pires, educadora de infância.
O combate à desertificação é uma das bandeiras da autarquia. Os jovens casais beneficiam de apoios a nível de habitação (2500 euros) e educação (comparticipação nas creches). "É uma boa ajuda", reconhecem Sandra e Telmo. Mas será suficiente? "Temos excelentes condições; gostamos de viver aqui. Mas podia fazer-se mais na educação; a criação de um pólo do Politécnico de Castelo Branco iria fomentar o desenvolvimento", diz Telmo Gonçalo, operador fabril.
"Queremos ter mais um filho, mas a vida está difícil... vamos ver como as coisas correm. Uma criança não deve crescer sozinha. É importante ter alguém com quem brincar", diz a mãe Sandra.
E quando Martim crescer? Continuará a viver em Vila Velha de Ródão? "Muito possivelmente vai embora... O Mundo é muito grande lá fora e nós somos apenas um pontinho", diz o pai Telmo.
APENAS 14 BEBÉS NA ÚLTIMA SEMANA
Os registos de nascimentos contabilizados em todo o País pelo Instituto de Registos e Notariado somam apenas 14 novos bebés nos 39 concelhos abrangidos pela iniciativa Viva a Vida do CM. Já todos têm, porém, pelo menos um bebé de 2012.
DIGA ONDE NASCEU UM BEBÉ
O CM acarinha, ao longo dos próximos 12 meses, os bebés registados nos 39 concelhos do Continente com menos nascimentos em 2010.
In "Correio da Manhã"
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