sexta-feira, 20 de março de 2009

Árvores com padrinhos plantadas em Penamacor


Um grupo de jovens está a desenvolver um projecto de adopção de árvores através da internet. Reconquista acompanhou a plantação das primeiras espécies.


A manhã de domingo ainda só vai no início, mas já o velhinho autocarro da Câmara Municipal de Penamacor segue em direcção aos terrenos que a autarquia tem junto à estrada de Espanha, com vista para a Bazágueda. Na bagageira seguem pás, adubos e árvores, que até perto da hora do almoço vão ser plantadas pelos escoteiros do Grupo 163 da Associação de Escoteiros de Portugal, com a ajuda dos Bombeiros e da Câmara Municipal de Penamacor, entre outros voluntários.
Mas a ideia ultrapassa em muito as fronteiras do concelho. À medida que as árvores vão sendo plantadas salta à vista a placa com a identificação da espécie, a data de plantação, o nome do padrinho ou madrinha e a referência ao projecto: “Um abraço a uma árvore”.
Tudo começou em Outubro de 2008 quando um grupo de jovens europeus, a maioria de origem portuguesa, decidiu constituir uma organização ligada à ecologia. A BetGreen (Aposta Verde) nasceu em Bruxelas, cidade onde vive desde há quatro anos António Ferraz de Oliveira. O jovem de 17 anos, que é director-geral do projecto, tem raízes familiares no concelho de Penamacor, em particular numa das suas freguesias.
“Já o avô do meu avô tinha a quinta no Pedrógão de S. Pedro, que ligou a minha infância a Penamacor”, explica numa conversa mantida através do Messenger.
O projecto funciona de maneira simples, com a internet a servir de elo. Basta aceder ao sírio da BetGreen e clicar em “adopte uma árvore”. Depois é só escolher entre cinco espécies.
“Assim que a árvore estiver plantada e fotografada é criado um perfil individual em que estará a informação sobre a árvore, desde o seu nome científico às suas utilizações”, explica. A imagem é renovada a cada dois meses e os 14 euros pagos no acto do apadrinhamento suportam despesas de manutenção e até um seguro para o caso de a árvore secar.
Em Penamacor encontram-se árvores com padrinhos portugueses, mas também do Reino Unido, Holanda ou França. O concelho raiano recebe as árvores, mas a ideia tem ambições europeias. António Ferraz de Oliveira diz que há contactos com Malta e a Grécia, depois de terem recebido o não do ministério do ambiente belga “que afirmou só ter espaços de floresta para criar clareiras”.
O cariz europeu do projecto é uma das razões pela qual se encontra sedeado em Bruxelas.
A Betgreen é uma organização sem fins lucrativos e que com o apadrinhamento de árvores pretende passar uma mensagem mais abrangente.
“A nossa iniciativa funciona também como um primeiro passo, de inspiração, para que a partir de um pequeno gesto cresça algo de maior”. O objectivo é fazer da plantação de árvores um acto mais cívico do que institucional, refere António Ferraz de Oliveira.

Salvar o zambujeiro

Na manhã de domingo foram plantadas azinheiras, carvalhos e zambujeiros. Esta última é uma espécie “quase extinta”, explica António Cabanas. O antigo director da Reserva da Malcata e actual vereador do Ambiente da Câmara Municipal de Penamacor refere que ainda é possível encontrar alguns exemplares de zambujeiro em Penamacor e Idanha-a-Nova. A árvore caracteriza-se por ser semelhante à oliveira, de tal maneira que há quem a conheça como oliveira brava. Não produz azeitona, mas as bagas servem de alimento a animais.
“Há uma série de espécies como a pereira brava ou abrunheiro bravo que têm uma função importantíssima no ecossistema, sobretudo como alimento para a fauna”, diz António Cabanas.
Em relação ao apadrinhamento de árvores, o responsável autárquico sublinha o papel do projecto não só na valorização do ambiente, como também na aprendizagem que este transmite ao nível da gestão.
Os avós de António Ferraz de Oliveira também ajudaram na plantação. Afinal eles são “a cara do projecto em Portugal”, diz o neto a partir de Bruxelas.

Página da BetGreen em http://www.betgreen.eu/

Autor: José Furtado in jornal A Reconquista

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